Formiga mortal da América do Sul invade a Europa; o que essa espécie pode causar?
Artigo publicado na revista Current Biology confirma que a espécie chegou à Sicília, na Itália
Um estudo publicado na revista Current Biology na segunda-feira (11) afirma que uma população madura da formiga Solenopsis invicta, nativa da América do Sul, foi identificada em terras europeias pela primeira vez na história.
Também chamada de formiga-fogo-vermelha, a espécie invasora foi encontrada na Sicília, ilha ao sul da Itália.
O inseto é conhecido por suas picadas dolorosas, que podem provocar choques anafiláticos, e sua alta capacidade invasiva.
Os pesquisadores ressaltam o potencial desequilíbrio de ecossistemas, impacto na agricultura e riscos à saúde humana.
A formiga-fogo-vermelha já foi classificada por outros estudos como "uma das piores espécies invasoras" e ocupa a quinta posição na lista de animais que mais causam danos econômicos às áreas invadidas.
“Há um grande número de espécies exóticas de formigas atualmente estabelecidas na Europa, e a ausência desta espécie era uma espécie de alívio”, diz Mattia Menchetti, pesquisador do Instituto de Biologia Evolutiva da Espanha e autor do estudo.
“Durante décadas, os cientistas temeram que isso chegasse. Não pudemos acreditar em nossos olhos quando vimos isso", comenta.
A expansão da Solenopsis invicta ocorreu em parte devido ao comércio marítimo e transporte de produtos vegetais, chegando a locais como Austrália, China, Caribe, México e EUA, de acordo com o artigo.
O único lugar bem-sucedido na erradicação dessa espécie até hoje foi a Nova Zelândia.
De acordo com os cientistas, cerca metade das áreas urbanas da Europa é adequada para o espalhamento da formiga — porção que pode aumentar ainda mais com mudanças climáticas em curso. Cidades com grandes portos marítimos teriam ainda mais risco de invasão.
Análises de DNA levantam ainda a suspeita de que o grupo da amostra não teria sido o primeiro a entrar no continente europeu.
Os autores do estudo incentivam a participação pública na monitorização da propagação das formigas e pretendem criar programas de ciência cidadã para frear o avanço do inseto.