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Fóssil de ave desafia o que conhecemos sobre evolução dos pássaros

A partir de um reexame do fóssil do Janavis finalides, descobriu-se características dela semelhantes às "aves modernas"

30 nov 2022 - 17h53
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Um dos ossos, que antes pesquisadores imaginavam ser do ombro da ave Janavis finalides, fazia parte do crânio e chama-se pterigoide
Um dos ossos, que antes pesquisadores imaginavam ser do ombro da ave Janavis finalides, fazia parte do crânio e chama-se pterigoide
Foto: Phillip Krzeminski / Phillip Krzeminski

O pássaro pré-histórico Janavis finalides, que viveu há 67 milhões de anos, está virando de cabeça para baixo toda a árvore evolutiva que se conhecia até agora sobre os pássaros. E isso porque ele tem características semelhantes às de seus “primos modernos”, como galinhas e patos. A descoberta resultou em uma publicação na revista Nature nesta quinta-feira (30). 

Há 20 anos, um fóssil do Janavis finalides estava sendo retirado de uma pedreira belga. A camada geológica em que ele foi encontrado remonta ao período Cretácio Superior (de 100,5 a 66 milhões de anos atrás), fase anterior à extinção em massa dos dinossauros. Quando encontrado, o fóssil parecia ter apenas ossos da coluna vertebral, asas, ombros e pernas. 

Porém, o paleontólogo da Universidade de Cambridge no Reino Unido, Daniel Field, com seus colegas, reexaminou os ossos usando uma tomografia computadorizada. A partir disso, a equipe conseguiu descrever a ave como uma espécie que compartilhava um ancestral comum com as aves mais modernas, semelhante a uma garça cinzenta.

Um dos ossos, que antes pesquisadores imaginavam ser do ombro, era na realidade, parte do crânio e chama-se pterigoide. Field explica que ele faz parte do palato ósseo do animal, uma região com características cruciais que os pesquisadores usam para agrupar tipos de aves. 

Fóssil da ave Janavis finalides
Fóssil da ave Janavis finalides
Foto: Daniel J Field e Juan Benito / Nature

Mandíbulas: qual veio primeiro?

Das 11 mil aves existentes no mundo, a maioria é do grupo neognato, isto é, possuem palato neognático. Os ossos desse palato são móveis, permitindo que o pássaro mova o bico superior independentemente do crânio. Já o grupo dos paleognatos, que inclui o emu e a avestruz, tem “mandíbulas antigas”, modelo no qual os ossos no palato superior são fundidos. 

Assim como os nomes indicam, achava-se que os paleognatos apareceram primeiro e os neognatos descenderiam de um ancestral paleognato. E isso porque os dinossauros que antecedem as aves modernas também têm paladares fundidos.

No entanto, essa é uma suposição difícil de testar porque normalmente os fósseis dos paleognatos não estão disponíveis, de acordo com o paleontólogo que estuda a evolução das aves na Academia Chinesa de Ciências em Pequim, Thomas Stidham. 

A semelhança do Janavis com os pterigoides não fundidos de galinhas e patos modernos sugere que os bicos móveis dos neognatos evoluíram primeiro que os bicos fundidos dos paleognatos, segundo Field.

Uma questão que ainda permanece  é como o paladar não fundido teria evoluído de ancestrais dinossauros, que possuíam o fundido. Fósseis de aves do início do período Cretáceo que tenham preservado o osso pterigoide poderiam dar algumas respostas. 

Para Field, o caso pode se tratar de um exemplo de evolução convergente, ou seja, quando espécies de um grupo evoluem de forma independente, como é o caso da falta de voo em emas e avestruzes.

Fonte: Redação Byte
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