Freud explica? Veja o que psicologia diz sobre chefia de Musk no Twitter
Mesmas características do novo CEO responsáveis por seu sucesso podem derrubá-lo no longo prazo, segundo a psicologia
Goste-se ou não de Elon Musk, é inegável o fato de que o Twitter passa por períodos de turbulência desde a chegada do novo CEO à companhia. Posicionamentos polêmicos, demissões em massa e uma obsessão pelo trabalho mostram um estilo de liderança excêntrico, para dizer o mínimo, por parte do bilionário. E o que a psicologia diz sobre isso?
Mark Tavares, doutor em psicologia pela Universidade do Colorado em Boulder (EUA), acredita que as mesmas qualidades que levaram o bilionário ao sucesso são as mesmas características que podem acabar destruindo-o.
“O otimismo de Musk, a paixão pela inovação e a audácia em assumir riscos alimentaram seu sucesso sem precedentes. Mas as mesmas qualidades que o tornaram quem ele é podem muito bem levá-lo à ruína se ele permitir que o ego, a surdez e o narcisismo orientem sua tomada de decisão” afirma, em um artigo publicado no site da revista Forbes.
Ele se baseia em um recente estudo publicado na revista científica Personality and Individual Differences. A pesquisa afirma que líderes como Musk podem ser agrupados em duas categorias: os transformacionais e pseudotransformacionais.
Os líderes transformacionais inspiram pessoas a alcançar resultados melhores, criando ambientes de trabalho motivadores e que estimulam intelectualmente seus colaboradores. A cultura de trabalho nesses ambientes tem um forte senso de moralidade.
Já os pseudo-transformacionais exalam confiança e contam com retórica cativante, mas, no geral, são guiados por interesse próprio. Os locais de trabalho liderados por pessoas desse tipo costumam ter comportamentos antiéticos, manipulação, controle excessivo e insensibilidade às necessidades alheias.
Na ocorrência de uma crise, os líderes transformacionais assumem riscos para orientar a organização para o melhor caminho. Eles podem arriscar a culpa e danos à reputação pelo bem maior do coletivo. No mesmo tipo de situação, os pseudotransformacionais não são tão afeitos ao risco.
Tavares cita duas maneiras de enxergar o que está acontecendo no Twitter à luz destas classificações. A primeira delas coloca Musk como um líder transformacional incompreendido. O bilionário comprou a rede social encabeçado por uma forte agenda moral, tendo como objetivo resolver o problema das contas robôs e tornar o Twitter como um espaço livre de censura e a favor da liberdade de expressão.
Desde então, o novo CEO vem trabalhando incessantemente para reconstruir a rede do zero. Para isso, ele precisa da garantia de que seus funcionários estão 100% com ele — ou então estão fora da empresa.
A outra visão possível é bem mais cética quanto aos objetivos do novo proprietário, que apresenta comportamentos narcisistas clássicos. Por este ângulo, Musk não construiu e nem está construindo o Twitter: ele simplesmente comprou a rede social — cuja crise generalizada, por sinal, foi em partes causada pelo próprio bilionário.
O consenso entre funcionários demitidos e até mesmo entre a antiga liderança da organização é o de que Musk não demonstrou nenhum respeito pelos que criaram e desenvolveram toda a estrutura de que agora o bilionário desfruta e, em partes, destrói.
A conclusão sobre qual visão explica melhor o posicionamento de Elon Musk no comando do Twitter é subjetiva e, ao menos neste momento, ainda incerta, segundo Tavares.
"Enquanto a imagem completa vai aparecendo, é interessante ver como o ajuste de perspectiva de alguém pode fazer a mesma pessoa parecer um herói e um vilão na mesma situação”, diz o psicólogo.