Gel vaginal é promessa de superproduto para prevenir gravidez; entenda
Produto recém-desenvolvido provou ser 98% eficaz em impedir que o esperma entre no útero de ovelhas
Uma nova maneira de prevenir a gravidez sem efeitos colaterais pode ser possível com um gel profilático com ingredientes naturais e não hormonais, desenvolvido por pesquisadores do KTH Royal Institute of Technology, na Suécia.
Segundo o estudo, o gel atua como um reforço à barreira do muco cervical, oferecendo a primeira alternativa viável aos espermicidas e pílulas anticoncepcionais. Os resultados foram publicados nesta quarta-feira (30), na revista Science Translational Medicine.
Os testes do gel realizados em ovelhas fêmeas em ovulação resultaram em uma diminuição média de 98% no número de espermatozoides uterinos, em comparação com os animais de controle não tratados. Em comparação, as pílulas anticoncepcionais são reconhecidamente eficazes entre 91% e 99% dos casos.
Apenas uma das oito ovelhas testadas apresentou dois espermatozoides detectados em seu útero após ser tratada com o gel.
Dificultando a passagem do espermatozoide
Thomas Crouzier, pesquisador de biopolímeros do KTH, disse em um comunicado que os resultados demonstram o potencial de uma abordagem sem precedentes para prevenir gravidezes indesejadas. O método bloqueia o esperma ao modificar o muco, em vez de matar os espermatozoides como fazem os espermicidas.
O mecanismo desenvolvido explora a capacidade natural do muco cervical como uma barreira que isola a vagina — onde as bactérias proliferam — do útero e do trato reprodutivo superior.
O muco cervical também serve como regulador do movimento do esperma. Antes da ovulação, a barreira criada por este líquido torna-se um porteiro mais seletivo, abrindo exceções para a passagem de espermatozoides selecionados para o útero.
Os pesquisadores mudam essa dinâmica ao interligar moléculas de mucina – as proteínas que dão ao muco sua propriedade lubrificante — com quitosana, uma substância natural fibrosa comumente usada em materiais médicos, como hidrogéis, malhas e suturas. Com isso, conseguiram “engrossar” temporariamente o muco cervical, dificultando a passagem do esperma.
Segundo os resultados, a quitosana mostrou ter um efeito semelhante em testes de laboratório usando muco cervical humano e espermatozoide. Também reforçou a barreira mucosa rapidamente, com redução da penetração espermática após um minuto de exposição e bloqueio total do sêmen após cinco minutos.
Citando estudos, Crouzier diz que cerca de 50% das mulheres consideram importante que seus contraceptivos não contenham hormônios. “Esse novo mecanismo de ação tem potencial para ser muito eficaz, pois está reforçando uma barreira que já existe no trato reprodutivo da mulher”, afirma.