Google aperfeiçoa GPS usando milhões de telefones para mapear a Ionosfera da Terra
Cientistas utilizaram informações instantâneas de aproximadamente 40 milhões de aparelhos celulares para traçar o panorama da ionosfera
Pela primeira vez, cientistas utilizaram informações instantâneas de aproximadamente 40 milhões de aparelhos celulares para traçar o panorama da ionosfera, uma área da atmosfera superior onde algumas moléculas de ar são ionizadas.
Esses sinais crowdsourced têm potencial para aprimorar a navegação por satélite, especialmente em regiões do mundo onde a disponibilidade de dados é limitada, como África, América do Sul e parte sul da Ásia. O estudo de prova de princípio, realizado por uma equipe do Google, foi publicado na Nature em 13 de novembro.
Ningbo Wang, físico atmosférico do Instituto de Pesquisa de Informação Aeroespacial da Academia Chinesa de Ciências em Pequim, acredita que os dados de telefone podem diminuir os erros de GPS em 10-20% em certas áreas.
Apesar das configurações, ele afirma que a interferência da ionosfera persiste como um desafio, principalmente durante tempestades solares que provocam condições irregulares na ionosfera.
Bandas duplas
Quando a ionosfera está parcialmente ionizada, os elétrons livres podem interferir nos sinais de GPS, afetando a precisão dos sistemas de navegação e possivelmente impactando pousos de aeronaves.
Para corrigir essas variações, engenheiros criam mapas da densidade de elétrons na ionosfera usando estações receptoras terrestres. Sem essas correções, o GPS poderia errar a localização em até 5 metros, especialmente durante tempestades solares, quando há um aumento na densidade de elétrons.
Porém, muitas regiões carecem dessas estações. Em um estudo recente, o cientista Brian Williams, do Google, mostrou que dados de sensores de telefones Android podem ser usados para mapear a ionosfera, apesar do "ruído" gerado por esses dispositivos.
A equipe do Google conseguiu combinar grandes volumes de dados de celulares, equilibrando o ruído e obtendo um sinal preciso. Williams destaca que essa tecnologia está sendo aplicada para melhorar a precisão do GPS em Androids, com potencial também para pesquisas atmosféricas, já que o mapa gerado detectou bolhas de plasma na América do Sul que antes não tinham sido registradas em detalhes.