"Guarda-sol" espacial do tamanho da Argentina poderia ajudar a esfriar o planeta, dizem cientistas
Solução para crise global pode vir do espaço, com pesquisadores propondo uma estrutura gigante para nos proteger do Sol
Uma ideia que parece ter saído das páginas da ficção científica têm sido proposta por cientistas para ajudar o planeta na luta contra o aquecimento global: um gigantesco "guarda-sol" espacial.
Em uma publicação do jornal New York Times desta sexta-feira (2), Yoram Rozen, professor de física e diretor do Asher Space Research Institute diz que sua equipe está pronta para construir um protótipo deste tipo de escudo.
A ideia não é exatamente nova na comunicade científica já foi exporada em pesquisas de outras instituições. Existe até uma instituição que advoga pelo desenvolvimento de projetos do tipo, a Planetary Sunshade Foundation.
O conceito consiste em enviar para o espaço uma enorme estrutura capaz de bloquear uma parte crucial da radiação solar.
Esse bloqueio, mesmo que mínimo, seria suficiente para reduzir o aquecimento do planeta em 1,5 graus Celsius, mantendo as condições climáticas dentro de limites gerenciáveis.
A proposta tem ganhado impulso à medida que a crise climática se agrava e o setor de lançamentos espaciais fica mais aquecido. As ideias veriam desde a dispersão de uma espécie de poeira espacial, com várias pequenas estruturas dificultando o caminho da luz, à criação de um escudo de "bolhas" bloqueadoras.
Para ser eficaz, a sombra teria que cobrir cerca de 2,6 milhões de quilômetros quadrados, área similar ao tamanho da Argentina, segundo Rozen.
Como lançar um equipamento deste tamanho no espaço é impossível, seria um projeto composto por várias velas menores.
O desafio não está apenas na concepção, mas também no financiamento, com estimativas de custo variando entre US$ 10 milhões a US$ 20 milhões para o protótipo. O projeto do professor do Asher Space Research Institute afirma que seu projeto deve ficar em fases iniciais até conseguir um financiamento do tipo.
Apesar da ambição, os cientistas envolvidos são claros: um escudo solar não eliminaria a necessidade de reduzir a queima de combustíveis fósseis, principais causadores das mudanças climáticas. Mesmo com a cessação imediata das emissões de gases de efeito estufa, a quantidade excessiva de CO2 na atmosfera já garantiria um aquecimento contínuo.
A ideia do escudo solar é apresentada como uma medida complementar, capaz de estabilizar o clima enquanto outras estratégias de mitigação são perseguidas.
“Nós do Technion não vamos salvar o planeta”, disse Rozen ao NYT. “Mas vamos mostrar que isso pode ser feito.”