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Chinesa Lenovo quer tomar da Positivo liderança em PCs no País

Compra da fabricante brasileira CCE no ano passado alçou a chinesa Lenovo à vice-liderança do mercado brasileiro de PCs

16 set 2013 - 18h04
(atualizado às 18h20)
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Empresa chinesa virou a segunda maior fabricante de PCs no Brasil, ampliando sua fatia de mercado de 7% para 9,7%
Empresa chinesa virou a segunda maior fabricante de PCs no Brasil, ampliando sua fatia de mercado de 7% para 9,7%
Foto: Getty Images

A chinesa Lenovo quer tomar da Positivo Informática em 2014 a liderança do mercado brasileiro de computadores pessoais, que vem perdendo espaço para tablets e smartphones, mas analistas mostram cautela quanto à chance de isso ocorrer, diante da agressividade da brasileira no varejo.

Segundo dados da empresa de pesquisa IDC citados pela Lenovo, a empresa chinesa virou a segunda maior fabricante de PCs no Brasil, ampliando sua fatia de mercado de 7% para 9,7% do primeiro para o segundo trimestre.

A empresa ficou atrás apenas da Positivo, cujos dados mais recentes apontam fatia de 15,1% nos três primeiros meses do ano. A Lenovo diz ter ultrapassado Acer e Samsung no ranking do segundo trimestre.

No primeiro trimestre de 2012, a participação da Positivo era de 12%, segundo comunicado da companhia brasileira, que não quis divulgar qual é sua fatia atual no mercado nacional nem se manifestar para esta reportagem. "Queremos o primeiro lugar. A meta é buscar isso já no ano que vem", disse à Reuters o novo diretor operacional da Lenovo no Brasil, Richard Gurney, que assumiu o cargo neste mês.

Para o executivo, o avanço da Lenovo no mercado brasileiro pode ser atribuído à compra da brasileira CCE no ano passado, em uma operação de até R$ 700 milhões. A compra foi feita depois que a própria Positivo recusou uma oferta de compra feita pela Lenovo em 2008.

Gurney citou ainda como motivos para o avanço a ampliação da fábrica da Lenovo em Itu (SP) e a estratégia de diversificação de produtos, acompanhando a tendência global dos consumidores migrarem dos PCs para tablets e smartphones. "Entendemos que o mercado de PC está em transformação e que temos oportunidade de entrar no mundo de tablets, smartphones e smart TVs", afirmou o executivo.

A venda de PCs no Brasil teve queda anual de 10% no segundo trimestre, segundo dados da IDC, para 3,6 milhões de unidades. A receita, no entanto, subiu 1,2% no período, para 5,7 bilhões de reais, impulsionada por aumento de preços. Para este ano, a expectativa é de queda do 9% ante os 15,5 milhões de PCs vendidos em 2012.

Segundo o analista da IDC Brasil, Pedro Hagge, além da base de PCs no país já ser grande, os dispositivos portáteis acabam canibalizando a venda de computadores. "Não que os tablets sejam substitutos, mas o usuário tende a demorar mais para renovar o computador", explicou.

Para a Lenovo crescer em smartphones e tablets, que representam atualmente em torno de 15 e 25 por cento, respectivamente, de suas vendas totais no Brasil, a companhia negocia parcerias com operadoras de telefonia para venda de aparelhos, que passarão a ser produzidos no país no início de 2014.

Improvável

Para analistas, contudo, é improvável que a empresa chinesa consiga tirar o lugar da Positivo de líder no mercado de computadores no país no curto prazo. A empresa brasileira detém a liderança do setor desde 2005.

Essa é a opinião do analista da consultoria Gartner, Dave Glenn, para quem a Positivo tem sido tão agressiva quanto a Lenovo no mercado de PCs. Além disso, ele lembrou que a Positivo também tem apostado na diversificação para ganhar mercado.

"Marcas tradicionais internacionais como Dell e HP continuarão perdendo market share enquanto marcas locais e vendedores de aparelhos sem marca, assim como gigantes dos mercados emergentes como Lenovo e Samsung, continuam a ampliar competitividade", disse Glenn.

Para o analista do Santander, Valder Nogueira, a Positivo deixou de ser uma empresa de PCs para ser também de dispositivos, e que os desafios são justamente a diversificação. Ele lembrou que, no mercado de PCs, a Positivo ainda tem espaço para avançar no segmento corporativo.

"Eu estaria mais preocupado com a Samsung", disse Nogueira, lembrando que a empresa sul-coreana, por vender de televisores a smartphones, tem maior poder frente aos varejistas. Para o analista, a recente alta do dólar e o arrefecimento do consumo no Brasil são problemas mais relevantes para a Positivo enfrentar neste momento.

Já para Hagge, da IDC Brasil, as multinacionais têm ganhado mais espaço no mercado brasileiro, principalmente as empresas asiáticas, que realizam grandes investimentos e aquisições no mercado local.

"A tendência é que elas continuem ganhando participação. Até porque, das nacionais, a Itautec saiu do mercado . De nacional expressiva só tem uma (a Positivo). É difícil lutar sozinho", disse.

Dólar volátil

A volatilidade do câmbio tem prejudicado todas as fabricantes de computadores com atuação no país, tanto locais como multinacionais, pois ambas importam componentes.

Até agora, a Lenovo não viu necessidade de reajustar preços aos clientes, mas não descarta essa possibilidade caso a volatilidade continue, disse Gurney.

"Não tem sido fácil. Estamos segurando ao máximo o impacto para o consumidor", declarou. "Se o dólar permanecer em 2,25 real conseguiremos evitar uma situação pior em termos de preço", completou. A recomendação dos analistas do Santander para os investidores é ficar fora das ações de empresas do setor de computadores por enquanto, devido à volatilidade do câmbio.

Segundo o IDC a queda nas vendas de PCs do Brasil prevista para este ano deve ser revertida em 2014. "Esperamos que no próximo ano volte a uma normalidade, porque é ano de Copa do Mundo, deve haver muitas promoções de televisores, o que acaba se refletindo nos computadores", disse Hagge.

As ações da Positivo acumulam queda de 24% este ano. O papel não faz parte do Ibovespa, que acumulou desvalorização até a sexta-feira passada de 12%.

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