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Pais usam novas tecnologias para vigiarem seus filhos

A boa notícia para os pais é que a maioria destes dispositivos estão integrados aos celulares, dos quais os adolescentes não se separam

23 fev 2015 - 09h57
(atualizado às 11h42)
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<p>Em alguns casos, os pais podem, inclusive, delimitar um perímetro e receber alertas cada vez que seus filhos saem dele</p>
Em alguns casos, os pais podem, inclusive, delimitar um perímetro e receber alertas cada vez que seus filhos saem dele
Foto: MJTH / Shutterstock

Embora os pais não tenham os recursos de espionagem da Agência Nacional de Segurança (NSA), quando se trata de vigiar os filhos, é fácil fazê-lo usando simples smartphones.

Atualmente, há uma oferta crescente de aparelhos e aplicativos que permitem aos pais preocupados com a segurança e a disciplina dos filhos seguirem seus passos de perto, seja quando estão batendo papo na web quando deveriam estar dormindo, ou ultrapassando o limite de velocidade quando pedem emprestado o carro da mãe.

Entre um sem número de aparelhos originais estão chaves magnéticas, relógios localizadores, pulseiras de humor para bebês e, inclusive, camas "inteligentes" capazes de informar aos pais quando os filhos ainda estão acordados passada a hora de dormir.

A boa notícia para os pais é que a maioria destes dispositivos - especialmente os que permitem espionar os mais grandinhos - estão integrados aos telefones celulares, dos quais os adolescentes não se separam.

"Os pais querem manter o controle da situação, é uma forma de se sentirem tranquilos", explicou o professor de criminologia Sameer Hinduja, codiretor doCentro de Pesquisas sobre o Assédio Cibernético, nos Estados Unidos.

Frank Lee, encarregado de marketing da LG, é um desses pais inquietos. Ele deu de presente à filha de seis anos um bracelete de plástico rosa para poder localizá-la a qualquer hora. Este pequeno acessório, decorado com estrelinhas, permite, entre outras coisas, fazer ligações para números previamente programados ou verificar se a criança está onde deveria estar.

"A princípio, ligava para nós o tempo todo", lembra. "Eu disse que podia me dizer se não quisesse usá-lo, mas agora não quer mais tirá-lo", conta Lee.

Ferramentas invasivas

Para os pais mais preocupados, há ferramentas mais invasivas, como por exemplo aplicativos instalados sem que o proprietário do celular ou do tablet perceba e que permitem acessar fotos, mensagens ou o histórico de buscas pela internet, explica Sameer Hinduja.

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Em alguns casos, os pais podem, inclusive, delimitar um perímetro e receber alertas cada vez que seus filhos saem dele.

"Temos escutado casos de pais que põem chips nos filhos", relata Robert Lowery, do centro nacional americano para crianças desaparecidas ou maltratadas (NCME). "Este tipo de prática é escandalosa. Não somos favoráveis", continua.

Segundo o professor Hinduja, alguns destes aparelhos são contraproducentes para os pais que querem melhorar a comunicação com os filhos. "Se os pais espionam seus filhos, cortam toda a possibilidade de se comunicar com eles", avalia.

Ele recomenda lançar mão deste tipo de dispositivo quando as crianças forem um pouco maiores e unicamente se demonstrarem não ser dignas de confiança.

"Isto equivale a 'hackear' a vida dos nossos filhos. As pessoas não deveriam pensar que existe um aparelho que permite restaurar a confiança com as crianças ou que existe um programa capaz de nos tornar melhores pais, porque não existe", explica este especialista.

No lugar de usar estas novas tecnologias, frequentemente baseadas em boas intenções, Robert Lowery do SNEM sugere que os pais ensinem seus filhos a ter bom senso e fazer frente a situações perigosas.

Por exemplo, deve-se ensinar às crianças "espernear e gritar com todas as forças se alguém tentar sequestrá-las", recomenda Lowery. "As novas tecnologias não impedirão que as sequestrem, só indicarão aonde a criança foi levada", conclui.

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