Script = https://s1.trrsf.com/update-1734630909/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

HC vai usar inteligência artificial para analisar pulmão de doente com coronavírus

Projeto oferecerá algoritmo para diagnóstico a partir de imagens de tomografia e raio-x

24 abr 2020 - 05h10
(atualizado às 12h58)
Compartilhar
Exibir comentários

O Hospital das Clínicas (HC) está liderando uma iniciativa para usar inteligência artificial (IA) na detecção de casos de novo coronavírus. Batizado de RadVid19, o projeto está construindo um banco de imagens de tomografia e exames de raio-x de pulmões de pacientes com casos confirmados e suspeitos de covid-19. Com a ferramenta em mãos, médicos de diferentes partes do Brasil poderão ter auxílio no diagnóstico da doença, algo crucial no atual contexto de falta de exames específicos para o novo vírus.

O RadVid19 tem duas etapas paralelas. Uma delas é emergencial e visa colocar nas mãos de médicos brasileiros, da maneira mais rápida possível, uma ferramenta de detecção da doença. Assim, o projeto vai disponibilizar um algoritmo criado pela chinesa Huawei, uma das empresas parceiras do projeto.

Imagem de pulmão analisado por algoritmo oferecido pelo HC 
Imagem de pulmão analisado por algoritmo oferecido pelo HC
Foto: HC/Divulgação / Estadão

O algoritmo foi criado e testado na China com mais de mil imagens de pacientes infectados pelo coronavírus - quando o paciente chega ao hospital com sintomas respiratórios, o índice de acerto da IA é de acima de 90%. O número, porém, cai para cerca de 50% quando não há sinais de problema na respiração, como falta de ar.

"Esse algoritmo permite que radiologistas tenham mais rapidez e precisão. Além disso, permite que radiologistas menos experientes possam fazer o mesmo diagnóstico que profissionais mais experientes", explica ao Estado Giovanni Cerri, presidente do InovaHC, braço de inovação do HC, e presidente do Conselho Diretor do Instituto de Radiologia.

O análise de imagens para diagnóstico é uma das áreas mais promissoras da IA em saúde. A partir de milhares de exemplos, a IA consegue detectar padrões e fazer estimativas sobre quando há ocorrências de doenças. No mundo, existem diferentes pesquisas com IA para detectar diferentes tipos de câncer, doenças cardíacas e até mesmo problemas nos olhos.

"O pulmão afetado pelo coronavírus ganha um aspecto de vidro fosco. O algoritmo determina não apenas isso, mas qual a porcentagem do pulmão foi comprometida", diz Cerri. "Existem estudos que indicam que o comprometimento de 50% do pulmão somado a outros fatores de risco podem caminhar para o agravamento da condição do paciente", explica.

A vantagem de usar IA é que ela consegue identificar padrões de imagem que nem sempre são perceptíveis aos olhos de todos os médicos, além de poder fazer isso com mais velocidade e com maior abrangência no número de pacientes.

No caso do algoritmo escolhido pelo HC, o tempo de diagnóstico é de apenas dois minutos. A plataforma deverá ser disponibilizada na semana que vem para qualquer instituição médica que fizer contato com o HC - entre os parceiros já estão o Sírio-Libanês, Sírio-Libanês, o Hospital do Coração (HCor), o Hospital Alemão Oswaldo Cruz e os grupos de saúde Fleury, Americas Serviços Médicos.

Até a abertura total do projeto, alguns testes serão realizados com instituições parceiras, incluindo algumas de Manaus e Belém, onde o sistema de saúde já está entrando em colapso por causa do vírus.

Para usar a ferramenta, o hospital precisará mandar as imagens de tomografia numa espécie de site interno do projeto. Já na nuvem, gerida pela Amazon, o processamento será feito e o resultado devolvido ao médico responsável - faz parte do projeto também a GE Healthcare.

Banco de dados

Já a segunda parte do projeto é a razão principal de sua existência: criar um banco de dados com pacientes brasileiros para gerar algoritmos 100% nacionais. Embora importante, o algoritmo da Huawei reflete a realidade da China. Para maior precisão nos hospitais daqui, é necessário o treinamento com dados de pacientes brasileiros.

"Queríamos desenvolver primeiro algoritmo internamente, mas vimos a necessidade de criar algo assistencial para dar apoio na ponta", explica Cesar Higa Nomura, diretor do Centro de Diagnóstico por imagem do InCor. "Com a criação do nosso dataset, iremo abrir para que startups e parceiros possam trabalhar em suas soluções.

Por isso, o projeto está convocando hospitais e radiologistas por meio do Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem para que possam contribuir com exames de seus pacientes. Atualmente, o RadVid19 já tem informações de 600 pacientes com covid-19. A expectativa é ampliar esse número para oferecer as informações para os parceiros, o que deve ocorrer nos próximos 30 dias.

Quando chegar nesse estágio, o projeto espera que startups e empresas desenvolvam algoritmos sofisticados e soluções para os pacientes brasileiros. Cerri espera que possam aparecer algoritmos capazes de associar os exames por imagem com outras informações clínicas, como idade e peso, para diagnósticos mais avançados.

Em relação à privacidade dos pacientes, explicam os médicos, os dados são anonimizados antes de entrarem para o banco de informações. Assim, não há nomes ou outras informações que possam identificar o dono do exame.

Estadão
Compartilhar
Publicidade
Seu Terra












Publicidade