Homem negro é preso por erro em tecnologia de reconhecimento facial
Advogado de defesa diz que a polícia não verificou a altura, o peso do homem — ou a verruga em seu rosto
Muitas empresas e entidades têm usado o reconhecimento facial como meio de aprimorar seus trabalhos. No entanto, essas tecnologias de aprendizagem podem apresentar falhas, como preconceitos. As autoridades da Louisiana, nos EUA, prenderam injustamente um homem negro da Geórgia em um mandado de fuga.
Randall Reid, 28 anos, foi preso no final de novembro em DeKalb County e seu advogado, Tommy Calogero, a polícia local atrelou erroneamente Reid a roubos de bolsas nos bairros Jefferson Parish e Baton Rouge. Reid, preso em 25 de novembro, foi solto em 1º de dezembro. As informações foram compartilhadas pelo The Times-Picayune/The New Orleans Advocate.
Reid estava a caminho de um jantar de Ação de Graças com sua mãe. Ao ser abordado pelos policiais, eles mencionaram que havia um mandado de prisão contra ele expedido no estado. "Eu nunca estive na Louisiana na vida. Então, me disseram que era por um roubo. Não apenas nunca estive na Louisiana, como também não roubo", declarou.
Calogero disse à reportagem que os detetives do Gabinete do Xerife da Paróquia de Jefferson "tacitamente" admitiram o erro e rescindiram o mandado. "Acho que eles perceberam que se arriscaram fazendo uma prisão com base em um rosto", afirmou o advogado.
O caso
Tudo começou com um roubo em junho de 2022 de mais de US$ 10 mil (R$ 53 mil) em bolsas Chanel e Louis Vuitton em Metairie, Louisiana. Calogero disse que não teria sido difícil determinar que Reid não era o culpado, que teria sido "pego pela câmera em junho inserindo números de um cartão de crédito roubado no caixa" da loja.
Uma verruga no rosto de Reid foi uma das diferenças que acabou forçando a polícia a libertá-lo, explicou a defesa. Calogero também "estimou uma diferença de 18 kg entre Reid e o ladrão de bolsas que ele viu nas imagens de vigilância", disse o relatório do Times-Picayune/New Orleans Advocate. O culpado, ao contrário de Reid, tinha "braços flácidos".
Não está claro qual reconhecimento facial foi usado neste caso. Em casos anteriores, o escritório do xerife da paróquia de Jefferson, Joe Lopinto, solicitou análises de reconhecimento facial por meio de algoritmos Louisiana State Analytic e Fusion Exchange em Baton Rouge, que usa os sistemas Clearview AI e MorphoTrak.
O software Clearview compara rostos com fotos em mídias sociais e muitas outras fontes. “Nossa plataforma, alimentada pela tecnologia de reconhecimento facial, inclui o maior banco de dados conhecido de mais de 30 bilhões de imagens faciais provenientes de fontes da web apenas públicas, incluindo mídia de notícias, sites de fotos, mídias sociais públicas e outras fontes abertas”, diz o site da empresa.
O caso, no entanto, levantou manifestações e preocupações com a privacidade e evidências de viés nos software de reconhecimento facial alimentaram um movimento para proibir o uso da tecnologia pelo governo.