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"Hormônio do amor" mostra potencial para regenerar coração humano

Estudo indica que a oxitocina, conhecida como "hormônio do amor", pode ser capaz de estimular a regeneração cardíaca

30 set 2022 - 14h49
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Ocitocina é capaz de estimular células-tronco a migrarem da camada externa do coração (epicárdio) para sua camada média, o miocárdio
Ocitocina é capaz de estimular células-tronco a migrarem da camada externa do coração (epicárdio) para sua camada média, o miocárdio
Foto: kjpargeter / Freepik

Pesquisadores da Universidade Estadual de Michigan (EUA) mostraram, em publicação na Frontiers in Cell and Developmental Biology, que a oxitocina, hormônio associado ao amor e vínculos sociais, também pode fazer bem ao coração. Não, não é uma metáfora romântica, estamos falando do órgão mesmo.

O estudo diz que a oxitocina tem potencial de estimular células-tronco a migrarem da camada externa do coração (epicárdio) para sua camada média, o miocárdio. 

Esse movimento, detectado em culturas de células humanas e de peixes-zebra, é responsável pelo desenvolvimento de cardiomiócitos no miocárdio, ou seja, células musculares que geram contrações cardíacas.

O "tchan" da descoberta é que ela indica que a oxitocina pode ser utilizada para promover a regeneração do coração humano após um ataque cardíaco. 

O hormônio já é famoso por várias funções: regulação da lactação e contrações uterinas em animais fêmeas, regulação da ejaculação, transporte de espermatozoides e produção de testosterona em machos. 

Como foi feita a descoberta 

Após um ataque cardíaco, normalmente os cardiomiócitos morrem em grande número. Por se tratarem de células altamente especializadas, elas não são capazes de se regenerar.

Para tentar resolver isso, estudos anteriores mostraram que um subconjunto de células no epicárdio pode ser reprogramado para que elas se tornem semelhantes a células-tronco – são as Células Progenitoras Derivadas de Epicardium (EpiPCs). Além de regenerarem cardiomiócitos, elas são capazes de recuperar outros tipos de células cardíacas.

Para humanos, no entanto, a produção de EpiPCs é insuficiente para os cuidados cardíacos em condições naturais. É aí que entram os peixes-zebra, famosos por sua enorme capacidade de regeneração de órgãos, incluindo cérebro, retina, órgãos internos, ossos e pele. Isso é feito em parte pela proliferação de cardiomiócitos, mas também por EpiPCs. Segundo os cientistas, a “mágica” responsável por essa proliferação seria a oxitocina

Peixes-zebra apresentam uma enorme capacidade regenerativa
Peixes-zebra apresentam uma enorme capacidade regenerativa
Foto: Oregon State University / Flickr

Os autores descobriram que nos peixes-zebra, dentro de três dias após a lesão por congelamento ao coração, a expressão do RNA mensageiro para oxitocina aumenta até 20 vezes no cérebro. Essa oxitocina, então, viaja para o epicárdio e se liga ao seu receptor, desencadeando uma cascata molecular que estimula as células locais a se expandirem e se desenvolverem em EpiPCs. 

Por fim, os novos EpiPCs migram para o miocárdio para se transformarem em cardiomiócitos, vasos sanguíneos e outras células cardíacas importantes que irão substituir aqueles que haviam sido perdidos.

No caminho

Nos tecidos humanos in vitro, a oxitocina teve resultados semelhantes. Apenas ela, dentre 14 outras testadas, foi capaz de estimular culturas de células-tronco pluripotentes induzidas humanas (hIPSCs) a se tornarem EpiPCs, e em até o dobro da taxa basal: um efeito muito mais forte do que outras moléculas anteriormente usadas para estimular a produção de EpiPCs em camundongos. Por outro lado, a derrubada genética do receptor de oxitocina impediu a ativação regenerativa de EpiPCs humanos na cultura. 

"Esses resultados mostram que é provável que a estimulação por oxitocina da produção de EpiPCs seja evolutiva e conservada em humanos em uma medida significativa. A oxitocina é amplamente utilizada na clínica por outras razões, por isso a redefinição para pacientes após danos cardíacos não é algo difícil de imaginar. Mesmo que a regeneração cardíaca seja apenas parcial, os benefícios para os pacientes podem ser enormes", afirmou o professor assistente do Departamento de Engenharia Biomédica da Universidade Estadual de Michigan e o autor sênior do estudo, Aitor Aguirre.

Fonte: Redação Byte
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