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Impressão 3D: o que ninguém conta sobre essa tecnologia 

Essa não é mais uma tecnologia sci-fi. É realidade. Mas você precisa estar bem informado.

4 fev 2022 - 06h30
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Felipe Neves aposta na popularização da impressão 3D
Felipe Neves aposta na popularização da impressão 3D
Foto: Divulgação

Você já deve ter ouvido falar de alguma maravilha moderna promovida pela impressão 3D. A tecnologia que começou com o engenheiro estadunidense Chuck Hull, há mais de 40 anos, já foi capaz de construir casas, peças automobilísticas, corações e até pedaços de carne comestíveis. A indústria movimentará 40 bilhões de dólares até 2025, segundo projeção da consultoria Markets and Markets. Portanto, contar as áreas que já foram impactadas pela impressão 3D não é mais possível. 

Por outro lado, toda maravilha tem seu lado obscuro e, após mais de sete anos observando erros e acertos de profissionais do mercado, percebi um certo padrão entre aqueles que engatam nessa jornada e logo “morrem na praia”. 

Vamos  acompanhar os erros que tenho observado e os segredos que não são compartilhados nos mega congressos sobre a impressão 3D.

1. Copiar o colega não vai trazer sucesso para você

Vou começar com o principal erro dos profissionais frustrados do mercado. Vejo que estes chegam ao campo deslumbrados, na maioria das vezes, com algum produto inédito lançado e querem seguir o mesmo caminho. 

Mas a vida com o 3D é diferente de outras áreas. Para ter sucesso, ela não pode ser copiada. Tenho colegas na odontologia, área cirúrgica, e depois de muitas conversas e trocas de experiências descobrimos que nosso modelo de negócios e jornadas são totalmente diferentes. Até mesmo nossos concorrentes diretos não têm muitas das características que desenvolvemos. E já são mais de 30 projetos de órteses frustrados pelo mundo. 

Acho este o maior desafio e a maior oportunidade: a jornada do seu negócio no 3D será única e por ser única todos irão querer saber sobre ela. 

2. O 3D na saúde ainda precisa de muitos estudos

Todos ficam encantados ao ver órteses termomoldáveis sendo impressas ao vivo, mas para chegarmos àquela modelagem, tamanho de tala, espessura e design foram anos estudando, ouvindo pacientes e colegas da área, mas ainda não estamos nem na metade. 

Para chegarmos a conclusões científicas em massa, precisávamos de uma quantidade significativa de pacientes, uma padronização e centralização da nossa inteligência produtiva e isso não se alcança em alguns meses de operação. Hoje a Fix it, única startup da América Latina que desenvolve órteses em 3D para imobilizar e tratar membros do corpo que sofreram lesões ou fraturas, já tem mais de 10 mil pacientes atendidos em pouco menos de dois anos. 

Digo para os mais jovens pesquisadores: aproveitem a oportunidade. Procurem as empresas que estão inovando, criando produtos disruptivos e vão estudá-los. Hoje o mercado de inovação e a academia não andam mais separados e um profissional não necessariamente precisa escolher entre viver toda sua carreira em uma sala de universidade ou em um escritório corporativo. O futuro é colaborativo.

4. Você irá lidar com desconfiança

Se eu fosse comparar a receptividade dos ortopedistas e cirurgiões com as nossas órteses há dois anos, você ficaria espantado. Não foi absurdamente difícil trazer o 3D para a ortopedia, mas as dificuldades ainda não acabaram. 

Felizmente, alguns ortopedistas já conseguem visualizar melhor a tecnologia 3D, pois é algo que já está um pouco difundido, já se fala muito nos congressos de ortopedia, então eles acabam não ficando tanto na defensiva. Mesmo assim, são profissionais que requisitam evidências, esse é nosso maior desafio e de qualquer área da saúde. Mas se não começar hoje, vai ficar para trás.

Quando você pensa em celular, qual companhia vem a sua mente? Sim, também estou pensando nela. E se falarmos de computadores? Carros? Não são todas as empresas que conseguem se tornar potências em suas áreas, mas os pioneiros com certeza têm mais chance de se destacarem. São eles que ditam o mercado.

Eu acredito que a impressão 3D vai evoluir assim como os computadores evoluíram. A versatilidade da tecnologia é absurda. Os computadores antigamente ocupavam uma grande sala, com muitos metros quadrados. Hoje, você segura um com a palma da sua mão. 

A impressão 3D seguirá um caminho muito semelhante: as pessoas terão impressoras 3D em casa, em uma oficina de carro, dentro dos consultórios médicos e de ortopedistas, que é o que temos implementado. A impressão 3D será como o celular é hoje para os setores que necessitarem desta tecnologia. 

E uma coisa que sempre pergunto aos profissionais de saúde que têm interesse pela Fix it é: quando este momento chegar, você vai querer estar na linha de frente ou na retaguarda?

5. Não pode começar sozinho

Esta é uma história que conto a poucos, mas o 3D e a saúde não foram as primeiras áreas que investi na minha vida de empreendedor. Sou fisioterapeuta por formação, mas já me aventurei no setor alimentício, realidade aumentada, carros e outros. Nada deu certo, até que eu conheci a ideia inicial da Fix it.

Quem é profissional de saúde e está começando no mercado 3D, deve se aprofundar e se conectar com os atores que vêm fazendo a diferença no mercado da saúde: no ramo odontológico, da imobilização, tecnologia assistiva e muitos outros. Eu convido estes profissionais a estreitar laços com essa galera, conversar mais, trocar mais experiências e com isso, se desenvolver e trazer uma proposta inovadora para a sua área. Fuja de copiar o que já existe no mercado.

Mais do mesmo nunca encheu os olhos de ninguém. 

(*) Felipe Neves é cofundador e CEO da Fix it, startup que desenvolve órteses termomoldáveis e biodegradáveis. 

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