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Infiltração da água do mar pode levar a mais derretimento na Antártida

Pesquisadores investigam a intrusão de água quente na camada entre a terra e o gelo na Antártida, mostrando como isso pode aumentar nível do mar no futuro

27 jun 2024 - 01h48
(atualizado às 05h54)
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Um novo ponto de virada no derretimento descontrolado do gelo na Antártida foi identificado por cientistas. Desta vez, a responsável pelo aquecimento das plataformas congeladas é a água quente dos oceanos, que se infiltra entre as camadas de solo e de gelo e fica aquecendo a região, o que se torna preocupante à medida que a infiltração se expande e acelera.

Foto: Mosaic Expedition / Canaltech

Esse tipo de derretimento não é, em si, desconhecido, mas a seriedade do seu impacto, sim — e os cientistas responsáveis por essa avaliação, da Universidade de Oxford e da Pesquisa Antártica Britânica, em Cambridge, no Reino Unido, apontam que o Painel Intergovernamental das Nações Unidas Sobre as Mudanças Climáticas (IPCC) não levou em conta esse fator nos seus modelos de projeção do impacto do aquecimento global.

Infiltração e perda do gelo antártico

Na pesquisa feita pelos estudiosos britânicos, publicada no periódico científico Nature Geoscience, também foi descrita a perda de gelo antártico até agora. Os resultados dizem que a ciência subestimou sistematicamente essa perda — e os riscos incluem o aumento do nível do mar por todo o planeta, ameaçando especialmente as populações costeiras.

Esquema elaborado pelos cientistas mostrando como ocorre a infiltração de água marinha quente no gelo da Antártida (Imagem: Bradley, Hewitt/Nature Geoscience)
Esquema elaborado pelos cientistas mostrando como ocorre a infiltração de água marinha quente no gelo da Antártida (Imagem: Bradley, Hewitt/Nature Geoscience)
Foto: Canaltech

O ponto de virada da infiltração antártica quer dizer que, quando ele for ultrapassado, a água oceânica começará a entrar entre as camadas terrestre e congelada em um ritmo muito acelerado, gerando um derretimento descontrolado das plataformas geladas. Elas ficam sobre o leito rochoso do continente, se estendendo desde a região continental até o mar, onde se tornam gelo flutuante.

Quando a água é aquecida — incluindo aquecimentos muito pequenos —, a infiltração acelera, indo de meros 100 metros dentro do gelo a até dezenas de quilômetros, derretendo mais gelo em seu caminho ao aquecê-lo a partir da parte de baixo. Cada décimo de grau, segundo os cientistas, nos aproxima dos pontos de virada a partir dos quais as mudanças climáticas não serão mais evitáveis.

Nesse caso, o risco ao aumento do nível do mar surge quando o ritmo de derretimento ultrapassa o ritmo de formação de gelo novo no continente. Algumas regiões antárticas ficam mais expostas ao processo por conta do formato da massa terrestre, que inclui vales e cavidades onde a água marinha pode acabar se acumulando. 

O derretimento do gelo na Antártida pode aumentar o nível do mar e acelerar o aquecimento global (Imagem: Pixnio/Domínio Público)
O derretimento do gelo na Antártida pode aumentar o nível do mar e acelerar o aquecimento global (Imagem: Pixnio/Domínio Público)
Foto: Canaltech

O Glaciar de Pine Island é, atualmente, o que mais tem influência no aumento do nível do mar, e segue sob o risco de derreter por conta do declive no terreno local, que permite a entrada de mais água marinha.

Os cientistas finalizam o estudo apontando a necessidade levar em conta os causadores do derretimento nas previsões de risco do aumento do nível do mar e de aquecimento global, o que pode ajudar a deixar clara a urgência de tomar ações contra as mudanças climáticas.

Fonte: Nature Geoscience

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