Infiltração da água do mar pode levar a mais derretimento na Antártida
Pesquisadores investigam a intrusão de água quente na camada entre a terra e o gelo na Antártida, mostrando como isso pode aumentar nível do mar no futuro
Um novo ponto de virada no derretimento descontrolado do gelo na Antártida foi identificado por cientistas. Desta vez, a responsável pelo aquecimento das plataformas congeladas é a água quente dos oceanos, que se infiltra entre as camadas de solo e de gelo e fica aquecendo a região, o que se torna preocupante à medida que a infiltração se expande e acelera.
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Esse tipo de derretimento não é, em si, desconhecido, mas a seriedade do seu impacto, sim — e os cientistas responsáveis por essa avaliação, da Universidade de Oxford e da Pesquisa Antártica Britânica, em Cambridge, no Reino Unido, apontam que o Painel Intergovernamental das Nações Unidas Sobre as Mudanças Climáticas (IPCC) não levou em conta esse fator nos seus modelos de projeção do impacto do aquecimento global.
Infiltração e perda do gelo antártico
Na pesquisa feita pelos estudiosos britânicos, publicada no periódico científico Nature Geoscience, também foi descrita a perda de gelo antártico até agora. Os resultados dizem que a ciência subestimou sistematicamente essa perda — e os riscos incluem o aumento do nível do mar por todo o planeta, ameaçando especialmente as populações costeiras.
O ponto de virada da infiltração antártica quer dizer que, quando ele for ultrapassado, a água oceânica começará a entrar entre as camadas terrestre e congelada em um ritmo muito acelerado, gerando um derretimento descontrolado das plataformas geladas. Elas ficam sobre o leito rochoso do continente, se estendendo desde a região continental até o mar, onde se tornam gelo flutuante.
Quando a água é aquecida — incluindo aquecimentos muito pequenos —, a infiltração acelera, indo de meros 100 metros dentro do gelo a até dezenas de quilômetros, derretendo mais gelo em seu caminho ao aquecê-lo a partir da parte de baixo. Cada décimo de grau, segundo os cientistas, nos aproxima dos pontos de virada a partir dos quais as mudanças climáticas não serão mais evitáveis.
Nesse caso, o risco ao aumento do nível do mar surge quando o ritmo de derretimento ultrapassa o ritmo de formação de gelo novo no continente. Algumas regiões antárticas ficam mais expostas ao processo por conta do formato da massa terrestre, que inclui vales e cavidades onde a água marinha pode acabar se acumulando.
O Glaciar de Pine Island é, atualmente, o que mais tem influência no aumento do nível do mar, e segue sob o risco de derreter por conta do declive no terreno local, que permite a entrada de mais água marinha.
Os cientistas finalizam o estudo apontando a necessidade levar em conta os causadores do derretimento nas previsões de risco do aumento do nível do mar e de aquecimento global, o que pode ajudar a deixar clara a urgência de tomar ações contra as mudanças climáticas.
Fonte: Nature Geoscience
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