Tecnologia de ponta e conceitos inovadores não são suficientes para que um produto seja abraçado pelos consumidores. A história dos inventos tecnológicos está recheada de exemplos que provam essa máxima.
Às vezes, a tecnologia não está suficientemente evoluída para implementar, de maneira satisfatória, conceitos inovadores. Há também casos de produtos avançados que naufragaram por terem preços proibitivos na época de seu lançamento.
Muitos equipamentos com tecnologia à frente de seu tempo foram enormes fracassos comerciais. Ainda assim, deixaram um legado.
Apesar das vendas pífias, muitos conceitos desses equipamentos foram aproveitados e aperfeiçoados em invenções modernas que hoje fazem enorme sucesso.
Confira abaixo 5 eletrônicos inovadores que, apesar de ambiciosos, acabaram quebrando a cara.
Hoje, os lançamentos da Apple encontram grande êxito comercial. Mas nem sempre foi assim. Lançado em 1993, o Newton MessagePad foi elogiado por suas inovações. Ele era um assistente pessoal eletrônico com tela sensível ao toque, manipulada por uma caneta especial. A grande sacada é que ele era capaz de reconhecer anotações escritas e transformá-las em arquivos de texto. Mas o aparelho era caro e o reconhecimento da escrita apresentava muitas falhas. O Newton nunca encontrou o sucesso comercial esperado e, por essa razão, Steve Jobs cancelou sua produção assim que retornou à Apple, em 1997. Ainda assim, o Newton pode ser considerado o avô dos tablets modernos, como o iPad.
Foto: Wikipedia
A AT&T, gigante americana das telecomunicações, investiu em pesquisas desde a década de 20 para desenvolver um serviço de telefonia com imagens. Nos anos 60, a empresa finalmente lançou o sistema de videoconferência chamado de Picturephone. O aparelho transmitia imagens analógicas por meio de cabos telefônicos e foi visto como uma enorme façanha tecnológica. A AT&T enxergava no Picturephone o futuro da telefonia, e estimava que ele estivesse nas casas de milhões de americanos até 1975. Não foi o que aconteceu. As ligações tinham tarifas espantosas – US$ 118 dólares a cada três minutos, em valores atualizados. Por esse motivo, o sistema nunca se popularizou e acabou gerando um prejuízo gigantesco para a empresa, na casa dos US$ 500 milhões. Apenas décadas depois, com o surgimento da internet banda larga, as videoconferências se tornariam populares.
Foto: Wikipedia
No final da década de 70, houve uma competição acirrada entre diferentes tecnologias para reprodução de vídeos em casa. Uma delas foi o SelectaVision, da RCA. Os filmes gravados nesse sistema eram vendidos em enormes disquetes plásticos, chamados de CED. Dentro deles, havia um disco de vinil. Uma agulha magnética lia as ranhuras do disco para exibir as imagens. Apesar de vantagens como o preço inicialmente mais baixo e a qualidade de imagem superior, o SelectaVision foi um enorme fracasso para RCA e perdeu, de longe, a batalha para o VHS. As fitas magnéticas tinham a vantagem de serem menores e mais práticas, além de permitirem a gravação de conteúdos da TV. No final, a RCA amargou um prejuízo de US$ 580 milhões no projeto e descontinuou o aparelho em 1984 – apenas três anos após seu lançamento.
Foto: Wikipedia
São grandes as chances de você jamais ter ouvido falar do D-VHS. Afinal, a tecnologia, lançada em 2002, nunca encontrou o sucesso esperado. Desenvolvido pela JVC, foi o primeiro formato vendido comercialmente capaz de reproduzir filmes em alta-definição, com compressão digital, no ambiente doméstico. Os títulos vendidos em D-VHS vinham em fitas magnéticas de tamanho idêntico ao do VHS convencional. Além disso, a tecnologia também permitia gravar a programação da TV em alta definição. Na época, porém, o DVD era sucesso absoluto e fitas magnéticas eram vistas pelos consumidores como algo obsoleto. Assistir a filmes em alta definição só se tornaria comum anos depois, com o lançamento do Blu-ray e de serviços de streaming.
Foto: JVC/Divulgação
O Virtual Boy fracassou porque era muito mais ambicioso do que a tecnologia de 1995 permitia. O console da Nintendo prometia entregar gráficos realistas em três dimensões em um ambiente de realidade virtual e revolucionar toda a indústria de games. Ficou só na promessa. Quando chegou às lojas, os jogadores se desapontaram ao verificar que os jogos só exibiam imagens em duas cores – preto e vermelho – e a sensação de profundidade não impressionava. Pior, muitos compradores relatavam dores de cabeça após poucos minutos de jogatina. O Virtual Boy também se dizia um console portátil, mas na verdade era grande e desajeitado. No total, apenas 14 jogos foram lançados para a plataforma, que foi descontinuada meses após o lançamento. Hoje, acessórios como o Oculus Rift tentam resgatar o conceito empregado pelo Virtual Boy, mas prometem uma experiência mais consistente graças aos avanços da tecnologia.