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Ana Maria Braga investe na startup de livros digitais Skeelo

Apresentadora já tinha parceria com empresa, que oferece livros digitais em parceria com operadoras, TVs por assinatura e bancos; valor total de rodada, que teve mais quatro investidores, foi de R$ 20 milhões

1 out 2020 - 09h10
(atualizado às 12h19)
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Acorda, menina! A startup de livros digitais Skeelo anuncia nesta quinta-feira, 1º de outubro, uma rodada de aporte de R$ 20 milhões. Entre os cinco investidores, está um nome muito conhecido das pessoas e pouco comum no universo startupeiro: a apresentadora Ana Maria Braga. "Tenho paixão pelo mercado livreiro. Já lancei mais de 100 títulos entre livros e revistas e vendi cerca de 14 milhões de exemplares" conta ela ao Estadão. "Ao mesmo tempo, sou fascinada por conectividade, telas touch e consoles. Então, quando surgiu a proposta de poder democratizar o acesso aos livros por meio da Skeelo, imediatamente concordei".

Criado em 2018 e com cerca de 20 funcionários, a Skeelo tem uma ligação histórica com a apresentadora. O Grupo Gold, holding que controla a startup, é o responsável pelo site, pelas redes sociais e também pelas campanhas digitais de Ana Maria. Então, a companheira das manhãs de muitos brasileiros acabou se tornando uma escolha quase natural de Rodrigo Meinberg e Rafael Lunes, fundadores do Skeelo, quando o caixa da empresa secou em setembro de 2019. Outros quatro investidores não revelados também foram procurados - mas não, o Louro José não foi um deles.

A apresentadora Ana Maria Braga é uma das investidoras da startup Skeelo 
A apresentadora Ana Maria Braga é uma das investidoras da startup Skeelo
Foto: Ana Maria Braga/Divulgação / Estadão

A falta de dinheiro aconteceu por atrasos na implementação de alguns contratos da startup. A Skeelo opera distribuindo livros digitais, normalmente best-sellers, em parcerias com operadoras de celular e outras empresas com grandes bases de clientes, como bancos e TVs por assinatura. Atualmente, o app faz parte da rede de benefícios para clientes de Claro, TIM, Oi, Nextel, Algar Telecom, Banco do Brasil e Sky.

Alguns desses contratos tiveram atrasos em 2019, o que gerou o estrangulamento do caixa. "Não temos intenções de empresas moderninhas, de ficar buscando mais investidores ou abrir capital. Até tivemos mais interessados em aportes, mas a pergunta é: o que a gente faria com esse dinheiro?", explica Meinberg. "O dinheiro que recebemos era necessário e foi suficiente para tocarmos os projetos", diz. O último aporte foi fechado em fevereiro.

Inspiração

O Skeelo funciona da seguinte forma: uma vez por mês, o app oferece gratuitamente um livro digital "best-seller" aos clientes dos parceiros. Se o leitor não gostar da oferta, pode trocá-lo por outro título do catálogo disponível. O app tem livros de editoras como Globo Livros, Buzz, Planeta e Cia das Letras.

"Nos inspiramos muito em clubes do livro. Mas com os livros digitais, ganhamos escala e também podemos oferecer trocas", explica Lunes, que foi executivo da Claro. Dessa forma, a empresa afirma ter 23 milhões de usuários, além de ter entregado mais de 110 milhões de livros digitais — no futuro próximo, a empresa planeja agregar também audiolivros ao cardápio. O número é expressivo: em 2019, foram vendidos 434 milhões de livros, segundo a Câmara Brasileira do Livro (CBL).

"Existe um mito de que o Brasil não é um País de leitores. O nosso problema é distribuição", diz Meinberg, que acredita que os canais das grandes operadoras possam turbinar o hábito entre os brasileiro. Meinberg tem experiência com grandes canais de distribuição de livros desde os anos 1990, quando produzia material editorial para ser distribuído com jornais de grande circulação, como o Estadão. Outra aposta dele é na transformação dos telefones celulares como principal canal de leitura, superando tablets e dispositivos dedicados.

"Se não for pelo celular, o mercado de livros digitais não vai acontecer no Brasil", diz o executivo. É uma escolha que até agrada Ana Maria Braga, mas ela tem outra preferência de dispositivo. "Leio no celular, no tablet e no Kindle - depende de onde estou e qual conexão tenho a disposição. Mas em geral leio no tablet", diz.

Startupeira raiz

Mas a pergunta que toda a Avenida Faria Lima quer ver respondida é se Ana Maria continuará a direcionar recursos para novas empresas. Segundo ela, é melhor não se animar muito. "Meu DNA está na comunicação. Invisto nesse segmento e nas suas ramificações, que são, por exemplo, os livros e os cursos de culinária. Sou empreendedora, mas aprendi que devo apostar onde sou eficiente, onde conheço minimamente e onde tenho sucesso," diz.

Isso não significa, porém, que a cena de empresas iniciantes não poderá dividir espaço na tela com as receitas mais afetivas do País. "Quando surgiram as primeiras startups no mundo fizemos pautas e fomos acompanhando a chegada dessas novas empresas no Brasil, mostrando a evolução, a criatividade e a inovação que estavam buscando e lançando", diz Ana Maria.

"Depois fomos agregando pautas com as novas nomenclaturas e modelos do negócio, como investidor-anjo e unicórnio. Agora estamos com as dark kitchens, ou ghost kitchens." Ou seja, se a startup for boa pode não receber aporte, mas pode até rolar um café da manhã com a Ana na TV. Solta os cachorros!

Estadão
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