Aportes em startups do Brasil caem pela metade em 2022
Apesar da queda, ano foi segundo melhor período para o setor desde o início da série história, atrás dos quase US$ 10 bilhões 2021
Investimentos em startups brasileiras caíram pela metade em 2022, totalizando US$ 4,46 bilhões no ano passado, ante US$ 9,8 bilhões levantados em 2021. Os dados foram compilados pela plataforma de inovação Distrito, que divulgou nesta segunda-feira, 16, o relatório Inside Venture Capital com os dados do segundo semestre.
O recuo nos cheques acontece em um momento delicado para o cenário de inovação mundial. Com alta mundial dos juros, investidores têm menos apetite por risco, o que afeta diretamente as gestoras especializadas em aportar em negócios de tecnologia. Consequentemente, startups levantam menos capital e precisam ajustar seus negócios para tempos de escassez, o que inclui demissões.
Apesar da queda, a cifra marca o segundo melhor ano para o setor, de acordo com a série histórica da Distrito, iniciada em 2013. O recorde continua com o ano de 2021, cujo valor de quase US$ 10 bilhões foi impulsionado pela digitalização da pandemia, que aquece o setor de startups, e pelos juros básicos então em baixa histórica.
No segundo semestre de 2022, os cheques em startups somaram US$ 1,54 bilhão, queda 47% em relação aos primeiros seis meses do mesmo ano, quando a cifra foi de US$ 2,92 bilhões.
Por nível de maturação, startups em estágio inicial (série A ou B) levantaram US$ 630 milhões no segundo semestre do ano passado, recuo de 70% em relação ao mesmo período de 2021. Já as companhias de tecnologia mais maduras (que inclui o grupo dos "unicórnios", com avaliação de US$ 1 bilhão) receberam US$ 720 milhões, queda de 66% em relação aos últimos seis meses de 2021.
"É inegável que houve uma piora de cenário ao longo do ano, mas a desaceleração mais forte no segundo semestre é a consolidação de um cenário que começou a se desenhar ao final de 2021", explica em comunicado Gustavo Gierun, CEO e cofundador da Distrito.
O relatório aponta que, na visão dos investidores, os setores mais atraentes foram fintechs (US$ 1,7 bilhão), varejo (US$ 500 milhões) e energia (US$ 300 milhões).