Carro autônomo evolui, mas exige novas leis para ir às ruas
Google, Volvo e outras empresas já testam seus veículos autônomos. Câmeras e laser garantem direção segura
Que tal você pegar o carro para ir trabalhar e ele dirigir sozinho para você? Parece coisa do Marty McFly, do filme “De volta para o futuro”, mas essa tecnologia está mais perto do que você imagina.
Recentemente o Google começou a testar seu carro autônomo nas ruas dos Estados Unidos. Os protótipos dos veículos já andavam dentro de ambientes controlado. Agora, o objetivo é saber como as pessoas respondem à experiência de ter um desses carros rodando pelas cidades.
Mas como é possível um carro se movimentar sozinho, sem a ajuda de um humano? O chefe e coordenador do curso de Ciência da Computação do Centro Universitário FEI, Flavio Tonidandel, afirma que o mais importante para um automóvel autônomo é a existência de câmeras e raios laser que permitem o mapeamento do ambiente ao redor.
“Sem isso, os carros não conseguiriam entender ou raciocinar sobre o que devem ou não fazer. A câmera e o laser, ou um conjunto desses, trabalhando de forma agregada, permitem ao carro criar um mapa de pontos e objetos ao redor, detectando distâncias, prevendo movimentos e identificando as áreas e estradas de rolagem”, explica o professor.
Algumas montadoras, como a Volvo, também estão entrando na moda dos carros autônomos. O sistema de autocondução da empresa promete chegar ao mercado em 2017. Assim que reconhecer que está na estrada, o carro se oferecerá para assumir o lugar do motorista, ocupando o papel de piloto automático.
“Espera-se trazer mais segurança, evitando acidentes causados por fadiga e cansaço de motoristas. Futuramente, almeja-se que os carros possam coordenar seus movimentos entre si e, com isso, eliminar ou reduzir muito o trânsito das cidades”, comenta Flavio.
Mudança na lei
Aparentemente, os veículos que dirigem sozinhos podem ser a solução para o trânsito caótico das grandes metrópoles. Mas a existência de carros autônomos exige mudanças em leis, em responsabilidades e em relações sociais. “Se um carro autônomo atropelar alguém, por exemplo, de quem é a culpa? Do fabricante do sensor? De quem fez o software? Da ordem do motorista de dar a ré no carro? Da montadora fabricante do carro? Estas questões precisam ser bem esclarecidas e definidas”, pondera o professor.
“Hoje, por exemplo, temos carros que estacionam sozinhos. Mas quem aperta o acelerador é o motorista. Ou seja, no final, quem decide se o carro deve andar ou não é o motorista, logo, a culpa de algum atropelamento passa a ser do condutor. Sem uma legislação mais clara sobre o assunto, as montadoras podem e devem ter receio em lançar carros totalmente autônomos no mercado”, diz Flavio.
Mesmo sendo testados nas ruas, os carros autônomos continuam sendo uma incógnita para o mercado mundial e ainda não se sabe como será sua relação com os demais automóveis não autônomos. No Brasi, existe um problema adicional que são estradas, muitas vezes, malcuidadas. Sem sinalização adequada, um carro autônomo terá mais dificuldade para trafegar.
“A tecnologia está bem avançada, talvez até esteja em ponto de ser lançada no mercado, mas isso pode demorar um pouco por conta das responsabilidades envolvidas em caso de problemas e acidentes”, explica Flavio. Por isso, é bem provável que algum dia você tenha um desses na sua garagem - só não é possível saber quando.