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Crise climática: Startups focadas em eventos extremos estão secas em investimentos

Embora bilhões tenham sido investidos em startups que buscam reduzir emissões, pouco financiamento chegou às empresas que buscam ajudar a sociedade a se preparar para os impactos climáticos

20 nov 2023 - 17h10
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BLOOMBERG - O financiamento de capital de risco para tecnologia climática aumentou muito na última década, mas um setor é constantemente ignorado: a adaptação.

As startups focadas na preparação para os impactos da mudança climática receberam apenas 7,5% do financiamento global de tecnologia climática durante o período de 2019 a 2020, de acordo com um novo relatório da Oxford Climate Tech Initiative em parceria com o Skoll Centre em Oxford.

A pesquisa reflete descobertas recentes do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, que constatou uma escassez de financiamento global de até US$ 366 bilhões para projetos que poderiam ajudar a sociedade a se adaptar às mudanças climáticas.

As soluções de adaptação são uma peça importante do quebra-cabeça da tecnologia climática porque, mesmo que o mundo consiga reduzir magicamente as emissões de gases de efeito estufa a zero amanhã, parte do aquecimento global já está incorporada ao sistema climático, colocando muitos países com poucos recursos em risco de eventos climáticos extremos. Os países que emitem menos gases geralmente sofrem os piores impactos das mudanças climáticas, que vão desde a elevação do nível do mar e calor extremo até inundações. Esses países também têm menos recursos para se adaptarem, e o setor de tecnologia climática poderia ajudar a resolver esse problema.

"A tecnologia climática tem um papel importante a desempenhar no preenchimento da lacuna de financiamento da adaptação, mas há pouco consenso em todo o setor sobre como é o conjunto de soluções de adaptação", escreveram os autores do relatório. "Esclarecer o escopo das tecnologias de adaptação e as barreiras específicas que elas enfrentam é uma etapa fundamental para garantir um desenvolvimento mais equitativo da tecnologia climática."

Em contrapartida, o setor de transportes recebeu a maior parte do financiamento de empreendimentos de tecnologia climática, com uma parcela desproporcionalmente menor de dólares destinada a outros setores de alta emissão, como o ambiente construído e a agricultura.

O descompasso entre as soluções que precisam de mais financiamento e as que de fato o recebem pode ser devido ao viés de familiaridade, disse Jamil Wyne, fundador do Climate Tech Bootcamp e co-líder da Oxford Climate Tech Initiative.

"Temos startups de transporte há muito tempo, entendemos como esse sistema funciona", disse Wyne, apontando para o sucesso da Tesla. "As pessoas conseguem entender isso muito mais rápido do que [conseguiriam] construir resiliência em nosso sistema alimentar global."

O financiamento da tecnologia climática é alocado em excesso para o setor de mobilidade em comparação com sua participação nas emissões globais porque ele tem um "motor de propaganda" que atrai investidores focados em fundadores famosos em vez de fundamentos de negócios, disse Tom Chi, sócio-gerente da At One Ventures, que não contribuiu para o relatório. Alguns investidores, como Chi, estão tentando corrigir o curso priorizando soluções negligenciadas e métricas para avaliar o impacto além das emissões de carbono.

Os autores do relatório entrevistaram mais de 60 especialistas em tecnologia climática e pesquisaram cerca de 150 pessoas que trabalham no setor, incluindo investidores, formuladores de políticas e cientistas, enfatizando as perspectivas do Sul Global.

Há uma "enorme lacuna" tanto no conhecimento quanto no financiamento quando se trata de tecnologia climática fora dos países mais ricos, disse Wyne.

"A maior parte das pesquisas sobre tecnologia climática se concentra principalmente em emissões e mitigação", disse ele. "Quando você sai desses países da OCDE, a necessidade de adaptação é imensa." / TRADUÇÃO POR ALICE LABATE

Estadão
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