E-commerce do setor pet estima receita de R$ 540 mi em 2020
Petlove, do empreendedor e veterinário Marcio Waldman, cresceu 133 vezes nos últimos nove anos
Em uma pequena clínica no bairro do Bom Retiro em São Paulo (SP), no final dos anos 1980, o médico veterinário Marcio Waldman vendia produtos e remédios para animais domésticos, além, claro, de realizar consultas e exames. Nas décadas seguintes, o empreendimento se tornou totalmente digital, ganhou 4 centros de distribuição, gerou 600 empregos e passou dos R$ 500 milhões em faturamento.
A transformação do varejo físico para um empreendimento totalmente digital ocorreu em 2005, mas Waldman já tinha criado um e-commerce para produtos pet em 1999, quando a internet se tornou comercial no Brasil. Anos depois, em 2020, sua empresa, a Petlove, chegou a anotar um aumento de vendas de 300% nos primeiros meses de isolamento social, decorrentes da pandemia do novo coronavírus (Sars-Cov-2).
Criando um e-commerce em 1999
A história da Petlove se mistura com a da internet no Brasil. Ao mesmo tempo que a rede mundial de computadores se tornou comercial por aqui, no final da década de 1990, Waldman começou a pensar em formas de utilizar essa nova ferramenta para impulsionar o seu negócio.
Em 1999, um ano antes do novo milênio, a loja virtual da antiga PetSuperMarket, que em 2012 se tornaria Petlove, estava no ar, comercializando produtos e remédios para animais de estimação. "Eu não vendia absolutamente nada", conta Waldman. "Ninguém queria colocar cartão de crédito na internet, e o boleto processava o pagamento em 8 dias."
Entre uma troca de sistema de comércio eletrônico e outra, e o crescente número de novos usuários na internet brasileira, o médico veterinário começou a notar um crescimento no número de vendas no canal digital. "Em 2005, o faturamento da clínica e a do e-commerce se equipararam", diz.
Com a abertura de uma loja de produtos para animais domésticos concorrente nas proximidades de sua clínica, Waldman decidiu migrar todo o seu negócio para o digital. "Os anos entre 2005 e 2011 foram os mais difíceis da minha vida porque eu abdiquei de metade da minha receita", afirma. "Eu e minha esposa passamos fome, até porque tínhamos que priorizar nossas crianças."
A virada de jogo
Com apenas o e-commerce em operação, Waldman se desfez dos equipamentos veterinários que tinha em sua clínica. Isso, conta o empreendedor, o impossibilitou de retornar ao varejo físico, mesmo que ele quisesse. Após cinco anos apenas no ambiente digital, o veterinário pôde colher os frutos que plantou com sua loja virtual.
"Em 2010, o e-commerce começou a ter mais tração e as coisas melhoraram", afirma o médico veterinário e, hoje, CEO da Petlove. Quando percebeu que a situação ganhava contornos positivos, Waldman não perdeu tempo em procurar investidores para o seu negócio. "Um ano depois, fechei o primeiro investimento para o mercado de varejo pet no Brasil com a Monashees, Tiger e Kaszek."
Com o aporte financeiro e mentorias, o negócio acelerou o ritmo de crescimento, chegando ao faturamento de R$ 4 milhões em 2011. Para 2020, a perspectiva de receita da Petlove é de R$ 540 milhões, um crescimento de 133 vezes em 9 anos. Esse número e o de vendas no e-commerce colocaram o empreendimento como o primeiro em vendas online e o terceiro geral para o segmento pet.
Mirando o primeiro lugar
Para o futuro, a pretensão de Waldman com a Petlove é de ir além do primeiro lugar conquistado no segmento de vendas online para pets. "O nosso objetivo é chegar na liderança geral do setor, queremos ser o número 1 ", afirma.
O mercado pet, inclusive, ainda tem campo para crescimento. De acordo com a pesquisa "Mercado Pet Brasil", da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), há 141 milhões de animais domésticos no País. Além disso, a pesquisa mostra que esse segmento da economia movimenta R$ 22,3 bilhões.
A estratégia de Waldman para explorar as oportunidades do segmento é de diversificar não apenas em produtos oferecidos aos clientes, mas também em serviços, tanto para o consumidor final, quanto para médicos veterinários e donos de lojas. "Queremos ser uma grande plataforma e firmar parcerias para ajudar na venda e distribuição de produtos", diz.
Nos últimos dois anos, por exemplo, a Petlove firmou uma parceria estratégica com a startup Vet Smart, que oferece conteúdo sobre medicamentos e saúde dos animais, além de desenvolver aplicativos para empreendimentos veterinários. A empresa de Waldman também comprou a Vetus, uma companhia que criou um software de gestão para clínicas e pet shops.
Um bom exemplo da estratégia de Waldman, em ganhar capilaridade no mercado, foi a aquisição da supracitada Vet Smart. Essa compra gerou uma nova frente de negócios, possibilitando que a Petlove ofereça uma ferramenta para que médicos veterinários autônomos, clínicas e lojas de produtos pudessem criar o seu próprio e-commerce.