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"Empreender não é conto de fadas", diz Monique Evelle

Durante palestra no VTex Day, a empreendedora alertou para os caminhos tóxicos que podem ser propagados no mercado

31 mai 2019 - 21h25
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Monique Evelle questionou as estruturas do mercado do empreendedorismo durante sua participação no VTex Day. Ao contrário dos outros palestrantes dos dois dias de evento, ela questionou diferentes narrativas que foram contadas nos palcos e stands do São Paulo Expo. Segundo Monique, o mercado de inovação precisa conhecer os diferentes territórios e respeitar mais os profissionais.

"Está acabando o evento e alguém tem que vir falar para vocês não saírem daqui achando que empreender é conto de fadas", disse. Monique questionou o fato de, apesar de ser sempre convidada para falar em público, nunca é sobre a sua empresa - a Evelle Consultoria, que tem clientes como o Bradesco, a Oxfam Brasil e o Bob's -, mas sobre o racismo e o machismo no mercado de trabalho. "Mulheres negras também podem ser inovadoras", apontou. Além disso, segundo ela, o excesso de trabalho é desgastante e não é benéfico no longo termo. "O futuro do trabalho é virar toda noite na agência?", questionou.

Monique Evelle
Monique Evelle
Foto: @vtexonline

Evelle falou inclusive sobre um dos aspectos que é mais condenado no mundo do empreendedorismo - o uso constante de termos em inglês. Ao apontar que apenas 5% dos brasileiros falam inglês, ela afirmou que "nem todo mundo está nessa página". Ela também disse que não adianta exigir do profissional um foco que ele não pode ter, já que tem que estar antenado o tempo todo para seguir as tendências, mesmo que não tenha dinheiro para investir nelas. "Dizem para a gente ter foco no trabalho. Tente focar com um relógio daqueles da Apple no seu pulso vibrando o tempo todo?"

A empresária fez questão também de mostrar que o investimento vendido muitas vezes por cursos e experiências como o próprio VTex Day poderia ser melhor investido. No entanto, a cultura do empreendedorismo exige que a pessoa invista neste tipo de conteúdo. "Falam tanto do pitch do baleiro, mas cobram R$ 2 mil em um curso para aprender a fazer um pitch. Isso tem no YouTube! Saibam onde investir o seu dinheiro."

Por fim, Monique também apontou a incoerência de os brasileiros utilizarem tantos modelos do exterior quando têm exemplos de inovação e diversidade no Brasil. "Não tem que vir Obama aqui falar que tem que ter mulheres na empresa, é uma coisa que nós mulheres já sabemos porque nós vivemos isso", disse. Para ela, a inovação, apesar de ajudar bastante, não pode substituir os direitos constitucionais.

"Não adianta aplaudir o Dr. Consulta se naquela quebrada tinha que ter um posto de saúde", concluiu.

Fonte: Redação Terra
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