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Inspirada pelos grupos de 'Zap', startup Trela levanta US$ 25 milhões

Empresa, que oferece serviço de 'compra social' para items de mercado, recebe investimento do SoftBank

8 mar 2022 - 09h10
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Nem só de brigas e fofocas vivem os grupos de WhatsApp de condomínios. Em muitos deles, vizinhos se organizam para realizar compras de mercado com descontos. De olho nesse público, a startup mineira Trela anuncia nesta terça, 8, um aporte de US$ 25 milhões em rodada liderada pelo SoftBank e com participações de Kaszek, General Catalyst, Y Combinator e Pierpaolo Barbieri (CEO da Ualá).

Fundada em 2020 por Guilherme Nazareth, Guilherme Alvarenga e João Jönk, a Trela explora um segmento chamado social commerce, no qual grupos de pessoas se juntam para obter produtos com desconto. O formato é popular na Ásia, onde nomes como Pinduoduo já começam a incomodar tradicionais nomes do comércio eletrônico na região, como o Alibaba (dono da AliExpress).

Guilherme Nazareth (centro) e os outros fundadores da Trela 
Guilherme Nazareth (centro) e os outros fundadores da Trela
Foto: Divulgação / Estadão

Porém, assim como o seu nome (que tem origem na expressão "dar trela"), a inspiração para a criação da startup é bem brasileira. "Numa das primeiras vezes que conversamos, o Guilherme Alvarenga disse que o grupo de WhatsApp do condomínio dele em Nova Lima (MG) comprava com descontos direto com produtores. O grupo estava cheio, com 256 pessoas, e tinha lista de espera de mais de 100", conta Nazareth ao Estadão.

"Tínhamos ali um caso de algo que criava eficiência na cadeia, cortando intermediários e gerando economia. Era o tipo de negócio que eu estava buscando quando voltei ao Brasil", relembra ele - o executivo de 26 anos passou cinco anos nos EUA, onde fez faculdade e trabalhava como diretor de ciência de dados da fintech Handle.com.

Dessa maneira, a Trela tem uma plataforma que se conecta a grupos de WhatsApp para compras de mercado feitas de maneira coletiva. A startup mira condomínios a partir de 60 unidades com grupos a partir de 25 vizinhos: o adensamento geográfico da demanda permite não apenas descontos junto aos fornecedores, que variam entre 20% e 60%, mas também frete gratuito em todas as compras. Atualmente, a empresa cresce 45% ao mês e espera atingir crescimento de 80 vezes em 2022.

Groupon?

É inevitável falar de compras feitas em grupo e não pensar em nomes como Groupon e Peixe Urbano, que popularizaram serviços e de compras coletivas no começo da década passada, mas fracassaram posteriormente. Segundo Nazareth, a proposta da Trela é diferente. "O Groupon faziam descontos muito agressivos, mas que não causavam retenção de clientes para os pequenos negócios. A gente gera descontos para os clientes e demanda para os fornecedores sem causar prejuízos. Além disso, temos o elemento social e geográfico. No Groupon, as pessoas que usavam os descontos não se conheciam e também não estavam necessariamente na mesma região", analisa Nazareth.

É justamente nos fornecedores que o serviço também tenta se diferenciar. Embora não exclua a possibilidade de comercializar produtos de grandes marcas, a Trela foca os esforços em pequenos e médios produtores de produtos premium. O app comercializa carnes, queijos, hortaliças e frutos do mar. "Os pequenos e médios fornecedores são espremidos pelos diferentes players na cadeia. Fazer compras é uma inconveniência. Para atrair clientes, os varejistas fazem descontos agressivos com grandes marcas e tiram o lucro dos médios e pequenos, que não têm um bom canal para escoar produtos", explica.

Futuro

A Trela deve investir o novo cheque em três frentes: desenvolvimento de produto, expansão geográfica e logística. Nazareth explica que a empresa gastou todos os recursos levantados até aqui no funcionamento da plataforma, e que espera poder ampliar seu alcance. A ideia é ter um app para fornecedores e outro para acompanhar as entregas. O movimento deve gerar contratações: atualmente são 33 funcionários e a meta é chegar entre 80 e 100.

Já a expansão geográfica mira entre três e cinco cidades. A startup atua em regiões da grande São Paulo e da grande Belo Horizonte. Nazareth não revela as novas localidades, mas o site da empresa dá pistas e cita Rio de Janeiro e Porto Alegre.

O investimento no braço logístico deve ser um investimento para melhorar o produto voltado para os fornecedores. Atualmente, a maioria dos pedidos é entregue pelo próprio fornecedor, mas a ideia é que a Trela possa ofertar logística também - e cobrar uma taxa por isso. A startup está testando um programa do tipo em Belo Horizonte.

Nazareth diz que a ideia é que a Trela possa realizar entregas em um dia - o foco não será em entregas rápidas, como fazem concorrentes como Rappi, Cornershop e iFood. "Questiono a priorização de investimento para entregas muito rápidas. Estamos viabilizando venda direta para vender com qualidade por um preço mais baixo".

Estadão
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