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Startup de pagamentos Ebanx é o 1º unicórnio da Região Sul

Com aporte de fundo do Vale do Silício, empresa curitibana que ajuda sites estrangeiros a venderem no Brasil é avaliada em mais de US$ 1 bi

16 out 2019 - 05h11
(atualizado às 09h50)
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Conhecida por uma solução que ajuda empresas estrangeiras como Airbnb, Spotify e Aliexpress a vender no Brasil com pagamentos em moeda local, a startup curitibana Ebanx está pronta para cruzar uma nova fronteira. Ao receber hoje um aporte liderado pelo fundo americano de private equity FTV, a empresa paranaense será avaliada em pouco mais de US$ 1 bilhão e vai se tornar um "unicórnio" - apelido dado às empresas avaliadas em US$ 1 bilhão ou mais. A notícia foi revelada com exclusividade ao Estado.

Mais que isso: a Ebanx é o primeiro unicórnio da Região Sul, uma amostra do amadurecimento do ecossistema de startups brasileiro - até o momento, todas as empresas que chegaram à marca são do eixo Rio-SP. Com previsão de faturar US$ 150 milhões em 2019, um crescimento de 50% com relação ao ano passado, a empresa decidiu tomar o aporte - de valor não revelado - para acelerar seu crescimento, reforçando o time e a expansão pela América Latina.

Ebanx vira primeiro unicórnio brasileiro da Região Sul
Ebanx vira primeiro unicórnio brasileiro da Região Sul
Foto: Reprodução Instagram

"Apesar de já conseguirmos gerar caixa, percebemos que precisávamos de dinheiro para contratar equipe, fazer aquisições e seguir nossa expansão internacional", diz Alphonse Voigt, presidente executivo e cofundador da Ebanx. Para faturar, a empresa cobra uma comissão sobre os pagamentos que processa, entre 3% e 5% - em 2018, foram US$ 1,5 bilhão em pedidos; neste ano, a previsão é de chegar a US$ 2,1 bilhões.

No início do ano, a Ebanx tinha cerca de 400 pessoas. Deve encerrar 2019 com o dobro - hoje, está em torno de 600. Parte dos novos funcionários virá de aquisições. Segundo Voigt, que tem 46 anos, a Ebanx deve fazer ao menos uma compra até o final do ano na área de processamento de pagamentos locais (isto é, de brasileiros em sites brasileiros), setor no qual a curitibana atua desde abril.

"Hoje, os pagamentos locais são ainda uma parcela ínfima do nosso faturamento, mas vão se tornar grandes no futuro", diz o executivo. Será uma boa briga: ao contrário do mercado internacional, o cenário local tem maior competitividade e menos barreira de entrada, afirma Guilherme Fowler, professor de Empreendedorismo do Insper. "O aprendizado que a Ebanx teve no mercado entre-fronteiras, porém, permite que a empresa entre com força no setor', diz o pesquisador.

Na visão de Edson Santos, consultor e especialista em meios de pagamento, "a Ebanx poderá ter sucesso se for capaz de trazer tecnologia e adicionar serviços que resolvam dores que, por si só, o setor de pagamentos não resolve."

Sócios da Ebanx têm formações complementares

Até se tornar um unicórnio, a Ebanx teve uma longa jornada: a startup foi criada em Curitiba em 2012. Além de Voigt, há outro dois sócios-fundadores, João del Valle e Wagner Ruiz - depois do novo aporte, o trio seguirá mantendo o controle de mais de 70% das ações da empresa.

Advogado de formação e com experiência na área de direito internacional, Voigt conheceu um dos sócios em uma circunstância inusitada: em 2011, ele quebrou a coluna após saltar de paraquedas. Durante a recuperação, começou a fazer aulas de filosofia e desenvolvimento pessoal. Numa delas, o professor era Ruiz, que já tinha passado pelo mercado financeiro. Logo de cara, se deram bem e resolveram montar um negócio, percebendo a oportunidade na área de pagamentos internacionais - algo no qual os dois já tinham trabalhado anteriormente.

Para completar o time, convidaram del Valle, que tinha uma empresa de tecnologia. Os três já passavam dos 30 anos quando se uniram - hoje, Ruiz tem 41 anos, enquanto Del Valle tem 40. "Somos três caras complementares e maduros. Ter falhado antes, com outros negócios, ajudou bastante para a Ebanx dar certo", diz Voigt.

Juntos, os três mergulharam no estudo de regulação do Banco Central para formatar uma solução capaz de atender tanto os brasileiros como os cerca de mil clientes estrangeiros que a empresa tem hoje. Além da tecnologia de pagamentos, a empresa também cuida do atendimento e rastreamento da entrega para os parceiros de fora. "Não podemos deixar o brasileiro na mão", afirma o presidente executivo da Ebanx.

Empresa também mira expansão latina

Os recursos do aporte revelado nesta quarta-feira também devem auxiliar a Ebanx para aumentar sua presença no mercado latino-americano - na região, atende não só os clientes externos, mas também startups brasileiras como Hotmart e Resultados Digitais, que já dão seus passos para fora do País. Em 2018, 5% dos US$ 1,5 bilhão de pagamentos processados pela startup veio da América Latina. Para este ano, a meta é chegar a 12% - e passar dos 20% no ano que vem. "Queremos ser uma empresa menos brasileira e latinoamericana, mais regionais do que nacionais. A meta é chegar a meio a meio para cada", projeta o presidente executivo.

É um projeto que já tem bases sólidas: hoje, a startup tem um pequeno escritório no Uruguai e profissionais destacados no México, no Chile, na Argentina e na Colômbia. É neste último país, também, que a empresa pretende começar a processar pagamentos locais - de colombianos para colombianos. "Uma startup precisa estar sempre em expansão. Apostar nos mercados latinos já digitalizados, ao menos nos grandes centros, pode ser mais fácil do que investir na digitalização do Brasil profundo", avalia Fowler, do Insper. "Ao mesmo tempo, se expandir pelo continente é algo natural para as startups brasileiras."

A distribuição internacional da Ebanx não para por aí: há ainda um escritório em Londres, para atender empresas europeias, bem como funcionários espalhados pelos Estados Unidos e pela Ásia. "Cada país tem diversas particularidades, então é preciso estar perto dos clientes, falando a língua deles e no mesmo fuso horário, para fazer o modelo dar certo", afirma Voigt.

Ao mesmo tempo em que olha para o mercado internacional, a Ebanx também se orgulha de ser um exemplo para as startups de Curitiba. "Não ser do eixo nos torna um pouco diferentes. É muito legal, mas também é uma responsabilidade grande de puxar a fila", diz Voigt.

E há boas candidatas na fila: especializada em tornar processos de empresas mais eficientes, a Pipefy recebeu um aporte de US$ 45 milhões em julho. No mês passado, foi a vez do comércio eletrônico de materiais de construção MadeiraMadeira levantar US$ 110 milhões, em uma rodada liderada pelo grupo japonês SoftBank - responsável por "criar" os outros três unicórnios brasileiros de 2019 (Gympass, Loggi e QuintoAndar).

"Ao fazer aportes no Brasil, o SoftBank abriu o leque de oportunidades para empresas negociando com o mercado internacional", diz Rafael Ribeiro, presidente da Associação Brasileira de Startups (ABStartups). "Estamos prontos para ver aportes financeiros sendo feitos diariamente no Brasil, como acontece no Vale do Silício".

Mas, enquanto vê a Ebanx (e o ecossistema brasileiro de startups) alçar novos voos, Voigt diz preferir ficar mesmo no chão. Depois de superar o trauma do salto de paraquedas ao fazer uma nova tentativa bem-sucedida em 2018, ele decidiu trocar de hobby. Hoje, prefere a pesca submarina. "É de lá que tiro minha adrenalina."

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