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'Unicórnio' Hotmart demite 227 após realizar maior evento da história da startup

Cortes representam 12% da startup, que se dedica à economia criativa e hoje continua com 1,7 mil funcionários

20 out 2022 - 17h09
(atualizado às 17h26)
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A Hotmart, da área de cursos para profissionais da economia criativa, realizou nesta quinta-feira, 20, a demissão de 227 pessoas que trabalhavam na startup. A informação foi confirmada pela companhia em nota ao Estadão. O número representa 12% dos funcionários da empresa.

Hotmart realizou neste ano a maior edição do evento Fire Festival, dedicado à economia criativa
Hotmart realizou neste ano a maior edição do evento Fire Festival, dedicado à economia criativa
Foto: Divulgação/ Hotmart/BS Fotografias / Estadão

Os cortes acontecem após a Hotmart realizar a maior edição do Fire Festival, evento que contou com a presença de 6 mil pessoas em setembro passado.

"A realidade é que o crescimento que esperávamos no pós-pandemia, e a expansão interna da operação, não aconteceram no mesmo ritmo. Em outras palavras, a eficiência operacional caiu. Eu assumo total responsabilidade por isso", escreveu em carta para os funcionários João Pedro Resende, um dos cofundadores da companhia.

Fundada por Resende e Mateus Bicalho em 2011, a Hotmart ajuda criadores de conteúdo a monetizarem seus produtos na internet, criando e vendendo conteúdos digitais como cursos online, e-book e clube de assinaturas. A startup tem escritórios em seis países além do Brasil (Holanda, Estados Unidos, Espanha, México, Colômbia e França) e, por meio de sua plataforma, atende criadores de conteúdo de mais de 100 países.

A Hotmart é uma das startups que compõem o grupo dos "unicórnios" brasileiros, rol de companhias de tecnologia que atingiram a avaliação de mercado superior a US$ 1 bilhão. Em março de 2021, a startup mineira recebeu um aporte de R$ 735 milhões liderado pelo fundo americano TCV, que já investiu em nomes como Netflix, Spotify e Airbnb e também na fintech brasileira Nubank. Na época, a empresa não revelou seu valor de mercado, mas confirmou pela primeira vez que já havia atingido no ano passado o status de "unicórnio".

"Temos uma situação privilegiada de poder rever nossa estrutura, que seguirá com mais de 1.700 colaboradores, a partir de uma operação que continua saudável, rentável e em crescimento. Com isso, estou certo que estaremos prontos para alocar recursos de forma mais eficiente para servir melhor nossos clientes e manter sempre um ambiente de trabalho e carreira atraente para os que estiverem aqui", completou Resende.

Segundo o executivo, a companhia dará uma compensação adicional aos desligados, além de cumprir com as verbas indenizatórias.

Crise é severa entre gigantes

Conhecidas por contratar centenas de funcionários ao mês, as startups têm realizado centenas de demissões pelo mundo — o fenômeno não é exclusivo do Brasil. O período tem sido batizado de "inverno das startups", após a onda positiva causada pela digitalização da pandemia nos últimos dois anos.

Segundo especialistas consultados pelo Estadão nos últimos meses, as demissões ocorrem como reajuste de rota em meio à alta global nos preços e à guerra da Ucrânia, que desorganiza a cadeia produtiva mundial. Nesse cenário, investidores viram as costas para investimentos de risco, como startups. Com isso, levantar rodadas tem sido mais difícil do que durante a pandemia, quando a fonte do capital parecia infinita.

O processo tem sido especialmente duro com as startups maiores, que estão no momento conhecido como "late stage". Nesse estágio de maturidade, as empresas queimam dinheiro velozmente na tentativa de crescer e ganhar mercado - sem o dinheiro, elas precisam preservar caixa para sobreviver.

Entre os unicórnios nacionais que já fizeram demissões em massa em 2022 estão Loggi, QuintoAndar, Loft, Facily, Vtex, Ebanx, Mercado Bitcoin e Olist. A mexicana Kavak, maior unicórnio da América Latina, também fez cortes severos na operação brasileira.

Fundos de investimento alertaram as startups sobre o cenário desafiador nos primeiros meses do ano. O investidor Masayoshi Son, presidente do SoftBank, um dos maiores investidores de startups no Brasil, disse em abril que o conglomerado japonês deve reduzir os investimentos em empresas de tecnologia neste ano.

Estadão
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