Veículo brasileiro anda 316 km com apenas 1 litro de etanol
Desenvolvido por alunos de universidade paranaense, protótipo foi premiado em competição internacional de rendimento energético
Imagine ser capaz de percorrer os 300 quilômetros que separam Curitiba de Florianópolis com apenas um litro de etanol. Em tempos de preços dos combustíveis nas alturas, chega a parecer um sonho. No entanto, se depender dos alunos de engenharia mecânica da UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná), isso pode ser realidade.
Em maio, sete alunos da universidade paranaense viajaram até Detroit, capital automobilística dos Estados Unidos, para competir na Shell Eco-marathon Americas 2015. A tradicional disputa reúne estudantes universitários e de ensino médio de todo continente e os desafia a construir protótipos que percorram a maior distância com o menor gasto energético. Há também etapas disputadas na Ásia e na Europa.
Em sua primeira competição internacional, a equipe Pato a Jato – uma homenagem à cidade de Pato Branco, onde fica o campus da faculdade – levou a Detroit o protótipo Popyguá, movido a etanol, e participou da disputa na categoria “combustíveis alternativos”. Para a euforia de todos os envolvidos no projeto, a Pato a Jato conseguiu a segunda colocação, com um rendimento de 316 quilômetros rodados com apenas um litro do combustível.
“A equipe viajou para Detroit sabendo da capacidade de seu protótipo. Felizmente, tudo deu certo nos dias de prova, mesmo com as dificuldades para conseguir arrecadar fundos, concluir o protótipo para o envio e o atraso na alfândega, que reteve o veículo”, relata o professor Luiz Carlos Martinelli Jr., responsável pelo projeto.
Segundo o professor, a colocação na competição internacional serviu de incentivo para os estudantes da universidade. “A visibilidade do projeto teve um aumento considerável. Hoje, a equipe tem o reconhecimento da comunidade pelos feitos. Os alunos têm demonstrado grande interesse no projeto. Para participar dele, é preciso se inscrever em um edital que exige boas notas, dedicação nos estudos e organização do tempo”, explica. Com o sucesso da equipe Pato a Jato, mais duas iniciativas semelhantes surgiram na UTFPR.
A premiação em Detroit não fez com que os envolvidos no projeto se acomodassem. Ao contrário, ajustes e aprimoramentos têm sido constantemente aplicados ao Popyguá. “Estamos trabalhando na configuração da injeção eletrônica, além de pesquisar e desenvolver métodos para aumentar a eficiência de diversas partes do veículo”, diz o professor Martinelli. “Uma das mais importantes mudanças é a nova linha de pesquisa em compósitos, com o objetivo da construção de um protótipo em fibra de carbono, material que alia baixo peso e elevada resistência mecânica”.
A equipe de Pato Branco pretende participar novamente da competição em 2016, em Detroit. As expectativas são grandes. “Em 2015, alcançamos um desempenho de 316 quilômetros por litro mesmo sem os ajustes que estamos implementando. No ano que vem, acreditamos aumentar bastante esse número”, prevê Martinelli. Em função da cotação do dólar, o custo de envio do protótipo, assim como o deslocamento e a estadia, são muito altos para o orçamento da faculdade. Por isso, a Pato a Jato procura patrocinadores para que o Popyguá continue brilhando em terras estrangeiras.