Inteligência Artificial: aliada ou obstáculo na transição energética?
Christian Bruch, CEO global e Chief Sustainability Officer da Siemens Energy comenta os impactos da tecnologia no consumo de energia
A inteligência artificial está desempenhando um papel crucial na transição energética, mas também apresenta desafios significativos de consumo de energia.
A inteligência artificial (IA) está desempenhando um papel cada vez mais relevante na transição energética, mas também traz desafios significativos, especialmente no que diz respeito ao consumo de energia, destaca Christian Bruch, CEO global e Chief Sustainability Officer da Siemens Energy, que explorou o impacto dessa tecnologia no setor energético em um artigo recente.
Bruch destaca que a IA tem potencial transformador para operações industriais, tomada de decisões e gestão de ativos. Ele compara o avanço da IA a ganhar novos "utensílios em uma caixa de ferramentas", mas pondera que ainda é necessário descobrir como utilizá-los da melhor forma. Segundo ele, o impacto da IA já é visível em várias áreas, mas há pouca atenção voltada para a energia necessária para alimentá-la.
O executivo alerta para o elevado consumo de energia dos sistemas que suportam a IA, como data centers, que operam ininterruptamente. Ele cita que gerar uma única imagem com IA generativa consome tanta energia quanto carregar um smartphone. Atualmente, a IA consome cerca de 2% da demanda global de energia, equivalente à de um país como a Indonésia, e a expectativa é de que até 2026 essa demanda chegue a 6%, equivalente ao consumo de eletricidade do Japão.
Além disso, Bruch ressalta que a crescente necessidade de eletricidade pode pressionar a infraestrutura energética. Empresas de tecnologia já têm metas rigorosas de descarbonização, mas a rápida expansão do consumo coloca desafios adicionais para o setor. "Ajudar os data centers a se tornarem mais eficientes e descarbonizar suas demandas é uma necessidade crescente e uma oportunidade", afirma o CEO.
Eficiência energética como prioridade
Christian Bruch defende que tecnologias inovadoras, como bombas de calor, devem ser usadas para aproveitar o calor residual gerado pelos data centers e melhorar a eficiência energética. Ele também destaca a importância de avançar com soluções de energia renovável e armazenamento para reduzir a dependência de combustíveis fósseis.
Por outro lado, ele reconhece que, em alguns casos, o gás natural ainda será necessário para atender ao rápido aumento de demanda, mas reforça que essas soluções devem ser descarbonizadas, operando com combustíveis livres de carbono.
IA a serviço da transição energética
Apesar dos desafios, Bruch enxerga a IA como uma aliada poderosa para acelerar a transição energética. Ele aponta que a tecnologia já está sendo usada para prever a oferta e a demanda de energia, algo crucial para integrar fontes renováveis, como solar e eólica, cuja disponibilidade pode variar.
Na Siemens Energy, a IA é aplicada no design de turbinas a gás eólicas, na automação de processos de produção e na manutenção preditiva de infraestruturas energéticas. Esses avanços não apenas otimizam a eficiência, mas também ajudam a mitigar riscos e reduzir custos operacionais.
O futuro da IA no setor energético
Christian Bruch destaca que, para a IA continuar a impulsionar a transição energética, é essencial equilibrar seu impacto positivo com a necessidade de gerenciar seu consumo de energia. Ele defende uma maior discussão sobre o tema e investimentos em modernização de redes e descarbonização de data centers.
"A IA já está trazendo enormes avanços para a indústria de energia, permitindo mais eficiência e inovação. É uma tecnologia poderosa que pode impulsionar a transição energética e amplificar a criatividade humana", finaliza.
O debate, segundo ele, está apenas começando e precisa englobar tanto as oportunidades quanto os desafios associados ao crescimento da IA em um mundo cada vez mais preocupado com sustentabilidade.