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Inteligência Artificial Made In Africa? Sim, isso está acontecendo

Será que o continente não tem outros problemas mais urgentes pra atacar, em vez de investir em Inteligência Artificial?

20 set 2024 - 06h26
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Resumo
Governo da Nigéria busca usar novo fundo de investimento do Google para acelerar implantação de IA e enfrenta desafios de infraestrutura e educação.
Foto: Reprodução

Esse debate aqueceu agora. Porque o governo da Nigéria está aproveitando um novo fundo de investimento em startups apoiado pelo Google para acelerar a implantação de IA.

O Ministro da Economia Digital, Bosun Tijani, que supervisiona o fundo, diz que a IA será crucial para desenvolver soluções locais para problemas locais. A agenda inclui desenvolver um plano nacional de estratégia de IA para a Nigéria, e implementar um programa para treinar três milhões de especialistas em tecnologia (não só de IA).

Mas a Nigéria está pronta? Em uma palavra, não. A infraestrutura digital e de telecomunicações é pobre, os problemas educacionais são enormes, faltam dados, falta um ambiente de negócios favorável. Até o fornecimento de eletricidade não é super confiável. Por tudo isso, a pontuação de "AI-Readyness" da Nigéria é de 34%, na média da África Subsaariana, e muito atrás dos países ricos. 

Mas há outros argumentos favoráveis. A Nigéria é um baita país, 218 milhões de habitantes, população super jovem, aberta para aprender e para a tecnologia.

A IA pode impulsionar a produtividade no país. Pode aumentar a participação da Nigéria no mercado de trabalho global. Pode ser usada para um grande salto no atendimento de sua população em saúde e educação, eficiência na gestão pública, segurança... Como – você adivinhou – no Brasil.

Vinte anos atrás, assistimos o mesmo debate. Só que o assunto era... celular. Por que investir em celular na África, com tantas carências urgentes? Pois hoje são 650 milhões de usuários no continente, mais que nos EUA e União Europeia somados. E o celular faz a vida dos africanos melhor, de muitas maneiras.

A IA "Made In Africa" será boa pros usuários do restante do planeta, inclusive. Porque as Large Learning Machines terão um universo de referências e conhecimento muito expandido, quando passarem a ser treinadas em línguas africanas também. 

Diversidade é riqueza – também no mundo da IA.

(*) Alex Winetzki é CEO da Woopi e diretor de P&D do Grupo Stefanini, de soluções digitais.

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