App medirá sentimento de torcedores na Copa das Confederações
Depois de anos de especulações em frente à TV, os torcedores de futebol ganharam um canal para emitir suas opiniões e finalmente serem ouvidos pelo técnico. Isso é o que planeja o aplicativo "Ei!", desenvolvido pela IBM Brasil, que conectará as sugestões de milhões de torcedores brasileiros no Twitter durante a Copa das Confederações e as colocará à disposição, em tempo real, a um importante usuário: Luiz Felipe Scolari, técnico da Seleção Brasileira.
A tecnologia que escutará os torcedores na rede de microblogs foi desenvolvida pelo laboratório de investigações da IBM Research para identificar, filtrar e analisar todos os tweets públicos em português direcionados à Seleção - antes, durante e depois das partidas. Entre as opiniões que poderão ser identificadas por meio das palavras-chave, independentemente de hashtags, estão a escalação do time, substituições durante a partida, táticas que podem ser exploradas e a satisfação dos brasileiros depois da partida sobre a atuação do time e do técnico. Os resultados estarão disponíveis no site eitreinadores.com.br, além de serem transmitidos pela TV Bandeirantes.
194 milhões de clientes
A ferramenta a que o técnico da Seleção terá acesso é semelhante à que têm os CEOs e executivos das maiores empresas do mundo para ouvir seu público. "Um técnico da Seleção Brasileira tem 194 milhões de clientes, e essa é uma maneira de escutá-los", afirma o líder do grupo de pesquisas em Sistemas de Serviços do Laboratório IBM Research no Brasil, Claudio Pinhanez. A equipe espera analisar até 5 milhões de tweets na final da Copa das Confederações, em 30 de junho.
O Índice de Sentimento Social, tecnologia em que se basearam os pesquisadores da IBM para desenvolver o aplicativo, representou uma grande mudanças na maneiras como as empresas se relacionam com seus consumidores. Se trata de um recurso que, com a associação de análise de dados e tecnologias de processamento de linguagem, capta, em tempo real, o sentimento das pessoas a respeito de um tema específico nas redes sociais. A tecnologia já foi aplicada em outros países, como os Estados Unidos, mas é a primeira vez que é usada em português.
"Em um estádio, você consegue vaiar o jogador, e isso é o máximo que consegue. Aqui, a gente vê a evolução dos jogadores e do sentimento pelo time ao longo do tempo. Se o Neymar cai na área, aparece um pico negativo, alguém faz um gol, dá um pico de 2 ou 3 mil tweets em um minuto", disse. O aplicativo já foi testado em alguns jogos, como no amistoso entre Brasil e França no último domingo, em Porto Alegre.
"Quando tiraram o Oscar do jogo, deu um pico de 2 mil tweets em um minuto, gente reclamando disso. Sabendo disso, ele (Scolari) poderia chegar no fim do jogo e reforçar isso durante a coletiva. Isso é o equivalente a uma empresa que está fazendo uma campanha de marketing, acha que manda uma mensagem clara, mas vendo a opinião das pessoas descobre que não. Sabendo o que as pessoas estão falando, a empresa pode corrigir a campanha", disse.
A análise dos sentimentos dos torcedores brasileiros pavimentará o caminho tecnológico para o uso efetivo da ferramenta por empresas que operam no mercado local depois da Copa do Mundo. Essa tecnologia já foi usada no Super Bowl, a final da NFL, liga de futebol americano nos Estados Unidos. Os pesquisadores analisaram, durante uma fase de testes, o impactor do trailer de dois filmes durante o intervalo da partida. A equipe encontrou uma grande rejeição dos usuários sobre um dos filmes. Quando os dois filmes estrearam, a mais criticada acabou apresentando uma campanha inferior.
"A reação das pessoas depois do trailer ajudou a cavar o desempenho desse filme nas bilheterias", afirmou pesquisador, para quem a tecnologia de análise de sentimento social afetará como as marcas trabalham. "O conceito de branding mudará, tanto para as empresas como para as pessoas, porque vai mudar a maneira de lidar com isso, porque haverá um retorno muito mais rápido do que aconteceu. A gente não vai conseguir entender como as pessoas estão reagindo aos eventos da Copa sem estar lendo as mídias sociais, fica incompleto. Se só olharmos a mídia tradicional a gente talvez não entenda", disse.