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CEO do Snapchat descarta rótulo de app de fotos indecentes

Aos 23 anos, Evan Spiegel, criador do app que envia fotos, vídeos e mensagens que desaparecem alguns segundos depois, já levantou US$ 70 milhões em financiamento

2 nov 2013 - 15h43
(atualizado às 15h43)
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Aos 23 anos, CEO do Snapchat ainda vive com o pai e diz que só se mudará quando for "chutado para fora"
Aos 23 anos, CEO do Snapchat ainda vive com o pai e diz que só se mudará quando for "chutado para fora"
Foto: AP

Evan Spiegel saiu da Universidade de Stanford, em 2012, três disciplinas antes da graduação, para voltar para casa de seu pai e trabalhar no Snapchat. O aplicativo móvel criado por Spiegel teve um rápido crescimento e permite aos usuários enviar fotos, vídeos e mensagens que desaparecem alguns segundos depois que são recebidos. Fundado em 2011, Snapchat é especialmente popular entre os adolescentes e adultos jovens, mas muitos pais temem que o aplicativo é a ferramenta ideal para compartilhar fotos indecentes, o chamado "sexting" em inglês.

Apesar da bagagem desfavorável e nenhuma receita, o Snapchat está crescendo. A empresa levantou cerca de US$ 70 milhões em financiamento de risco de investidores institucionais, como Venture Partners e Benchmark Capital. O Pew Research Center descobriu em uma pesquisa recente que 9% dos proprietários de telefone celular americanos usam Snapchat.

As ideias de Spiegel sobre a permanência de dados digitais contrariam o entendimento de quase todo mundo na indústria. "Seria melhor para todos se tudo fosse apagado por padrão e fossem salvas somente as coisas que são importantes para nós", diz. "Neste momento, a maioria das empresas são focadas em salvar tudo e, em seguida, escrever uma tonelada de software para organizar tudo e esperar encontrar as coisas que são importantes mais tarde", avalia.

A empresa recentemente adicionou um recurso chamado "Histórias", que permite que as mensagens enviadas pelo aplicativo fiquem no ar por 24 horas, em vezes poucos segundos. Spiegel, 23 anos, conversou com a agência AP sobre o aplicativo que criou e seus planos para o futuro da empresa. Leia a seguir os principais trechos da conversa:

Evan Spiegel saiu da Universidade de Stanford, em 2012, três disciplinas antes da graduação, para trabalhar no Snapchat
Evan Spiegel saiu da Universidade de Stanford, em 2012, três disciplinas antes da graduação, para trabalhar no Snapchat
Foto: AP

A primeira coisa que muitas pessoas pensam sobre Snapchat é que a sua utilização é para sexting. Como você lida com isso?

Evan Spiegel -

A coisa divertida sobre Snapchat é realmente a surpresa e a alegria que vem no aprendizado para usá-lo. Mas foi difícil no começo. Eu me lembro na primeira vez que tentamos convencer as pessoas a entrarem no serviço, eu estava na rua (em Santa Monica) e eu ia até as pessoas e dizia "ei, você deve experimentar este aplicativo, você pode enviar fotos que desaparecem" e elas diziam "ah, para sexting", o que significava que teríamos que fazer um trabalho melhor em ensinar as pessoas. E nós estamos bem na forma como descrevemos o serviço ao longo do tempo. Agora, o crescimento mostra que se trata de muito mais.

E qual é o objetivo do Snapchat?

Spiegel -

É divertido. Ponto. E essa é a parte mais importante. Em algum lugar ao longo do caminho, quando estávamos construindo produtos de mídia social, nos esquecemos que a razão pela qual queremos nos comunicar com nossos amigos é porque é divertido. As pessoas começaram a conceber os seus amigos como ferramentas de rede, como "fique meu amigo e assim você pode ser amigo de alguém" ou "quanto mais pessoas você conhece, mais em rede você está". Mas nós vemos um valor real em ter uma conversa divertida com seus amigos.

Como surgiu a ideia?

Spiegel -

Um amigo meu estava chateado com uma foto que ele se arrependeu de enviar. E assim nós começamos a olhar para outros aplicativos que estavam fazendo textos, fotos e vídeos desaparecerem. E eles realmente tiveram um tempo difícil, porque havia muito estigma em torno de apagar as coisas. Mas quando Bobby (Bobby Murphy, diretor de tecnologia e cofundador do Snapchat) e eu construímos o protótipo e começamos a usá-lo, percebemos o quão divertido era enviar as fotos. E com base em nossa experiência com o app fomos capazes de fazer um bom trabalho descrevendo como o conteúdo efêmero pode se tornar uma experiência muito divertida, emocionante e muito mais envolvente.

Será que o serviço seria tão popular sem esse aspecto de apagar as mensagens?

Spiegel -

Um dos maiores benefícios do serviço, especialmente nos primeiros dias, é que era 10 vezes mais rápido do que uma mensagem MMS. Então, um monte de gente só gostou porque a interface era simples. Ele enviava as fotos rapidamente. Era muito mais rápido do que abrir de uma mensagem de texto, tirar uma foto ou escolher a partir da galeria, fazer o upload - o que levava bastante tempo -, e em seguida enviá-la para o seu amigo. Há muitos benefícios diferentes no aplicativo Snapchat. É óbvio que nós ainda não experimentamos tornar as mensagens permanentes, mas temos visto que as pessoas salvam as mensagens que recebem. Dois por cento das mensagens que são recebidas têm a tela capturada e são salvas. Portanto, há, obviamente, muito valor no envio de imagens de forma rápida, e se uma imagem conquistá-lo, ou se você acha que é interessante ou divertido, é sempre bom salvá-la.

Como você obteve sua primeira rodada de financiamento?

Spiegel -

Tem esse cara chamado Jeremy Liew, que trabalha na Lightspeed Ventures, e um de seus parceiros, Barry Eggers, tinha uma filha que estava usando o Snapchat. Ela disse que seus três aplicativos favoritos do mundo e que todo mundo estava usando em sua escola eram Angry Birds, Instagram e Snapchat. E eles nunca tinham ouvido falar de Snapchat, então eles pensaram "nós temos que encontrar esses caras". Então, Jeremy me mandou uma mensagem no Facebook. Eu acabei encontrando com ele e mostrei alguns dos primeiros dados que tivemos. Aquele seria o mês em que nós não seríamos mais capazes de pagar a conta dos nossos servidores. Bobby tinha um emprego que pagava as contas do servidor, mas ficou muito caro, por isso o momento foi incrível. Meu pai não queria mais pagar por fotos que desapareciam.

Então, qual é a pressão sobre você, depois desses investimentos? Quais são os caminhos para obter receita?

Spiegel -

Daqui para frente, há muitos modelos diferente de receita. Uma coisa que falamos é em transações in-app (venda de conteúdo extra ou recursos dentro do aplicativo Snapchat), porque não temos que construir uma equipe de vendas para criar coisas legais pelas quais as pessoas queiram pagar.

Você ainda mora com seu pai?

Spiegel -

Sim.

E por quanto tempo?

Spiegel -

Até que ele me chute para fora.

Fonte: AP AP - The Associated Press. Todos os direitos reservados. Este material não pode ser copiado, transmitido, reformado o redistribuido.
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