Facebook será investigado por 'pesquisa secreta' sem aval
Órgão britânico quer saber se pesquisa que manipulou feeds de usuários para avaliar alterações de comportamento violou leis
Autoridades britânicas estão investigando se o Facebook violou leis de proteção de dados ao realizar um estudo psicológico sobre usuários sem o consentimento deles. No teste, o Facebook "manipulou" o feed de notícias de quase 700 mil internautas para controlar as emoções às quais eram expostos.
O Escritório do Comissário de Informações (ICO, na sigla em inglês), órgão responsável por garantir a privacidade de informações sobre os cidadãos do país, informou que pretende questionar o Facebook sobre o estudo. A empresa disse que garantiu "proteção apropriada" para as informação das pessoas. "Responderemos com prazer às dúvidas que os reguladores possam ter", disse o diretor do Facebook na Europa, Richard Allen.
A sede europeia da empresa fica em Dublin, na República da Irlanda. De acordo com os jornais Financial Times e The Register, o ICO disse que entraria em contato com o órgão irlandês de proteção de dados sobre a questão.
Teste emocional
A pesquisa foi realizada em colaboração com as universidades de Cornell e da Califórnia, em São Francisco. O experimento durou uma semana em 2012 e as 'cobaias' foram 689 mil usuários da rede. De acordo com o relatório sobre o estudo, "a experiência manipulou o quanto as pessoas foram expostas a diferentes emoções em seu feed de notícias".
O estudo descobriu que quanto mais histórias negativas os usuários recebiam, mas propensos ficavam a escrever um post negativo, e vice-versa. A pesquisa foi feita para avaliar se a exposição a diferentes emoções levava os internautas a mudar seus próprios comportamentos de postagem. O estudo foi criticado duramente por ter sido realizado sem o conhecimento ou aval dos usuários.
'Melhorar processos'
O Facebook defende a pesquisa e afirma que não houve coleta desnecessária de dados pessoais. "Nenhum dos dados utilizados foi associado com o relato de uma conta específica no Facebook", disse a rede social. "Está claro que as pessoas ficaram chateadas e assumimos a responsabilidade por isso", disse Allen. "Estamos melhorando nossos processos com base nessas opiniões."
Um dos autores do estudo, Adam Kramer, também do Facebook, admitiu que a empresa não expressou claramente suas intenções ao fazer a pesquisa. "Posso entender a razão por que algumas pessoas estão preocupadas. Eu e os outros coautores lamentamos a forma como o experimento foi descrito e qualquer ansiedade causada por ele".
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