Vaticano: filmes baixados ilegalmente podem não ser da rede interna
IP pode ser burlado para parecer que atividade on-line saiu de determinado local
Uma lista divulgada no início do mês reunindo filmes baixados ilegalmente no Vaticano chamou a atenção dos internautas por conter muitos títulos pornográficos - o que levou muitos a acreditar que os religiosos que lá vivem estariam envolvidos nesse crime. Na lista, havia diversos filmes baixados no começo do ano, muitos deles com conteúdo adulto. O caso, porém, pode não refletir exatamente o que aparece: afinal, existem maneiras de mascarar o IP (protocolo de internet) e se passar por um habitante de outro país.
Com uma população de apenas 800 pessoas, aproximadamente, o Vaticano recebe uma multidão de turistas todo ano - e foi cogitado que talvez esse relativo isolamento explicasse a grande procura por filmes de pornografia online. A divulgação da lista, menos de um mês depois da escolha do papa Francisco para comandar a Igreja Católica, também foi recebida com alarde por surgir depois de o mundo acompanhar os tradicionais processos que levaram cardeais ao isolamento durante o Conclave.
A lista foi divulgada pelo blog Torrent Freak, dedicado a informar as últimas notícias e tendências do compartilhamento de arquivos no protocolo BitTorrent. Ao analisar os torrents mais populares dentro da Cidade do Vaticano, o site notou a presença de muitos títulos de conteúdo adulto. "Notamos que alguns downloads estavam aumentando nos últimos tempos. Parece que, enquanto os moradores do Vaticano não estão bastante interessados em filmes de Hollywood, eles aproveitam o nicho mais adulto...", afirmou o Torrent Freak, citando o sétimo mandamento ("não roubarás").
IPs podem ter sido 'falsificados'
No entanto, o protocolo de comunicação usado nas redes particulares de internet em residências e empresas não é, necessariamente, exclusivo aos moradores de determinado local. Existem maneiras de "mascarar" o IP para fazer o usuário parecer estar conectado de um país diferente do seu. Redes anônimas também podem ser usadas para esconder informações de conexão.
"Existem ferramentas que permitem mudar o IP de uma rede: assim, quem quiser localizar esse usuário não saberá em que país ele está", afirma Raphael Labaca Castro, coordenador de pesquisa e educação da fabricante de antivírus Eset na América Latina. Ele afirma que esse tipo de alternativa é muito utilizada por internautas mal-intencionados: "ferramentas como proxies e TOR (utilizado para a navegação anônima) são muito mais usados por atacantes", disse Raphael.
Porém, as técnicas para evitar o rastreamento de IPs podem ser aproveitados para a segurança - inclusive para evitar ataques sofisticados como o phishing de instituições financeiras e companhias aéreas, entre outras, que utilizam a geolocalização para detectar a origem dos usuários e roubar dados.