iPhone 15 custará a partir de R$ 7.299; por que celular é tão caro no Brasil?
Carga tributária é um dos principais fatores, já que o país impõe impostos pesados sobre importação de produtos eletrônicos
A Apple anunciou o iPhone 15 nesta terça-feira (12) e os preços não estão agradando muito. A versão base deve chegar ao Brasil em outubro, custando a partir de R$ 7.299 e a versão Pro, a partir de R$ 9.299.
A novidade saiu um pouco mais barata do que a última geração aqui no Brasil. O modelo mais básico do iPhone 14, lançado em setembro de 2022, chegou ao país com preços a partir de R$ 7.599. Mas não muda o falto de que são valores altos: o celular novo custa mais do que cinco salários mínimos e meio (atualmente em R$ 1.320).
Existem diversos fatores que contribuem para esse fenômeno de preços elevados dos iPhones no Brasil, e eles vão muito além das fronteiras nacionais.
Para entender essa questão, é importante entender os aspectos econômicos, tributários e comerciais que moldam os preços dos produtos da Apple no país.
Impostos
Um dos fatores-chave é a carga tributária. O Brasil aplica impostos pesados sobre a importação de produtos eletrônicos, o que aumenta substancialmente o custo dos iPhones, que são geralmente fabricados na Ásia.
As taxas de produtos eletrônicos de fabricação nacional, por exemplo, podem chegar a 142,98%, considerando toda a cadeia produtiva, segundo o Instituto para o Desenvolvimento do Varejo (IDV).
Além disso, as margens de lucro da Apple e de seus parceiros comerciais desempenham um papel significativo nos preços finais dos produtos. O PIS (Programa de Integração Social) e a COFINS (Contribuição para Financiamento da Seguridade Social) são encargos adicionais que impactam diretamente os custos de importação e distribuição dos dispositivos.
Esses tributos, juntamente com o IPI federal (Imposto Sobre Produtos Industrializados) e o ICMS estadual (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), contribuem para criar um cenário em que os consumidores brasileiros enfrentam preços consideravelmente mais elevados em comparação com outros mercados globais. O iPhone 15 foi lançado por US$ 799 (algo que ficaria em torno de R$ 3.957,85)
E o câmbio?
Outro ponto a ser considerado é o câmbio. A volatilidade da moeda brasileira, o real, em relação ao dólar americano pode fazer com que os preços dos iPhones flutuem significativamente, afetando o poder de compra dos consumidores.
Para fins de comparação, um dólar equivale a R$ 4,95. Essa relação cambial tem um impacto direto nos preços dos componentes importados e, consequentemente, no preço final dos aparelhos.
Além disso, a logística e os custos de distribuição no Brasil têm impacto no valor final. O país tem dimensões continentais, o que resulta em custos de transporte elevados para levar os produtos da Apple de seus pontos de entrada no país para as lojas em todo o território brasileiro.
Ainda assim, a marca é uma das queridinhas do brasileiro. No começo do ano, a Apple passou a figurar, pela primeira vez, em segundo lugar no mercado brasileiro de smartphones, de acordo com dados da Statcounter.
A Apple ficou com 20,77% da fatia, um pouco mais que os 19,99% da Motorola, que ficou em terceiro. Quem lidera o gráfico é a Samsung, com 40,71%.
Mercado de usados é a saída
À medida que os produtos Apple chegam ao Brasil com impostos altos e preços elevados, a busca por celulares usados e mais antigos da marca aumenta.
De acordo com a Trocafone, empresa brasileira de venda de aparelhos usados, quatro iPhones estão entre os entre os dez smartphones mais vendidos no primeiro semestre de 2023.
O iPhone 11 está em primeiro; o XR, em segundo; os demais são o iPhone 8 e 8 Plus — estes últimos foram lançados em 2017. O 8 Plus pode ser encontrato a partir de R$ 900 reais em sites como o Buscapé.