Japão declara guerra aos disquetes e CDs; veja por que ainda são usados
Processos administrativos do Japão ainda usam tecnologias muito antigas como disquetes, CDs e MDs; cultura conservadora justifica uso
Vocês ainda usam disquetes e CDs? Se a pergunta parece óbvia, diga isso ao Japão. O país é reconhecido por ser um dos grandes nomes em avanço tecnológico do mundo. Mas segue usando produtos ultrapassados em processos administrativos. Foi o que criticou recentemente o ministro de Assuntos Digitais do Japão, Taro Kono.
Em uma entrevista coletiva ocorrida na terça-feira (30), Kono anunciou uma reforma no sistema administrativo e burocrático do país, que usa até hoje disquetes e CDs, além dos MDs (minidiscos), para armazenamento de informações digitais. Essas mídias são consideradas antiquadas para o atual mundo digital; hoje dados são armazenados até na nuvem.
São mais de 1.900 procedimentos governamentais que ainda exigem o uso dos disquetes e dos CDs no Japão. A justificativa para isso é a baixa alfabetização digital e a cultura conservadora e burocrática do país.
“Onde se compra um disquete hoje em dia?”, questiona Kono, que já foi chefe de Relações Exteriores e de Defesa do Japão e foi nomeado ministro em meados de agosto. De fato, as empresas não fabricam esse tipo de mídia desde 2011.
Não foi só o Japão que demorou a encerrar disquetes
Apesar da sede pela mudança, ainda existem obstáculos legais. Até o final do ano, o grupo responsável precisará revisar os planos e anunciar formas de melhorar a tecnologia para uma mais moderna. Quando foi ministro da Reforma Administrativa, entre 2020 e 2021, Kono também quis acabar com o uso da máquina de fax e de hanko, que é um carimbo vermelho para documentos oficiais, mas não conseguiu.
Em 2018, o Japão também chocou o mundo quando seu ministro de segurança cibernética admitiu que nunca tinha usado um computador e que sempre delegava as tarefas digitais à uma equipe de TI (tecnologia da informação).
Ainda assim, não é apenas o Japão que continuou usando os disquetes: os Estados Unidos anunciaram que estavam acabando com o uso deles apenas em 2019. Os produtos eram usados para o controle das armas nucleares do país.
História dos disquetes
Os disquetes datam da década de 1960,e já eram considerados obsoletos 30 anos depois do surgimento, graças ao rápido avanço da tecnologia e outras soluções de armazenamento mais eficientes. Enquanto 32 gigabytes conseguem ser facilmente alocados em um cartão de memória Flash comum, esse tamanho de conteúdo digital exigiria 20 mil disquetes.
Apesar disso, foram os disquetes que inspiraram o ícone que vemos hoje em todos os cantos da internet: o ícone “Salvar”, muitas vezes ao lado da palavra por escrito.