Lâmpadas germicidas reduzem infecção por covid, mas podem criar poluentes
Pesquisa concluiu que as lâmpadas ultravioletas germicidas (UVC) reduzem a infecção por vírus como o da covid, mas deixam compostos nocivos
Sistemas de lâmpadas chamadas ultravioletas germicidas (UVC) são capazes de inativar patógenos transportados pelo ar, como o vírus da covid. Porém, pesquisadores relataram na revista científica Environmental Science & Technology Letter um conflito: ao mesmo tempo em que removem os vírus no ambiente, elas deixam poluentes no ar.
A lâmpada, também chamada de UVC ou UV germicida, brilha a 254 nanômetros (nm), comprimento de onda prejudicial à pele e aos olhos humanos. Isso exige que os aparelhos sejam instalados perto do teto ou dentro de dutos de ventilação. Por ser mais segura e alcançar resultados semelhantes, a lâmpada de 222 nm tem sido mais sugerida.
Ma a luz UVC pode levar a uma série de reações. Ela quebra moléculas no ar, o que forma oxidantes fortes, com radicais orgânicos de hidroxila e ozônio. Depois, eles podem ainda se transformar em compostos orgânicos voláteis (COV), presentes no ar em peróxidos e compostos carbonílicos.
Os oxidantes fortes e radicais orgânicos são conhecidos na natureza por sofrerem reações secundárias para formar COVs adicionais e material particulado — e alguns desses compostos fazem mal à saúde. No entanto, os níveis de compostos potencialmente gerados nessas reações ainda não haviam sido estudados.
Funciona, mas a que custo?
Pensando nisso, os pesquisadores Zhe Peng, Shelly Miller e Jose Jimenez, da Sociedade Americana de Química, usaram modelos de computador para avaliar o possível impacto que tipos de lâmpadas desinfetantes de ambientes poderiam causar. A simulação analisou a taxa de remoção do vírus SARS-CoV-2, da covid-19, e a quantidade de COVs gerados em três cenários com diferentes taxas de ventilação.
Os resultados encontrados indicaram que sim, as lâmpadas UVC diminuiriam significativamente o risco de infecção pelo vírus. Contudo, embora elas tenham produzido apenas pequenas quantidades de COVs secundários, ozônio e material particulado, os níveis não eram desprezíveis.
Dessa forma, a equipe recomendou o uso das lâmpadas UVC apenas em ambientes com alto risco de infecção, em que o benefício de remover os vírus supera o impacto dos poluentes atmosféricos gerados. Porém, deve-se lembrar que a simulação foi feita em sistemas de computador, e as condições podem ser diferentes no mundo real.