Leite materno protege bebês que não podem tomar vacina contra covid, diz estudo
Pesquisadores encontraram anticorpos contra o coronavírus nas fezes das crianças que consumiram leite
Pesquisadores da Universidade da Flórida conseguiram mais evidências de que o leite materno de mães vacinadas contra a covid-19 oferece proteção a bebês que ainda não podem receber a vacina. O novo estudo, publicado no Journal of Perinatology no último dia 12, descreve as descobertas.
Já era sabido que o leito materno continha anticorpos contra o vírus. Agora, pesquisadores analisaram fezes de bebês que consumiram o alimento e também encontraram células de defesa contra a covid.
Para chegar a esse resultado, cientistas utilizaram uma técnica chamada ensaio de neutralização. A técnica consiste em isolar os anticorpos das fezes e adicioná-los a uma linha especial de células, que possuem o mesmo tipo de receptores que o vírus SARS-CoV-2 usa para entrar no organismo -- no caso dele, por meio da infecção celular.
Depois, é introduzido um pseudovírus SARS-CoV-2, que age como o vírus da covid-19, mas é mais seguro para uso em laboratório. O pseudovírus é fluorescente, portanto, quando se liga a uma célula, ela se ilumina.
“Vimos que, quando os anticorpos estavam presentes, havia menos células fluorescentes em comparação com nossos controles, onde não havia anticorpos”, explicou em um comunicado Lauren Stafford, uma das primeiras autoras do estudo e doutoranda da UF/IFAS College of Agricultural and Life Sciences em Laboratório de Larkin.
“Os anticorpos interferem e não permitem que o vírus chegue às células”, acrescentou.
Anticorpos no leite podem proteger bebês
Ainda que a covid seja considerada uma doença respiratória, porque o vírus atinge principalmente os pulmões, o patógeno também pode invadir o intestino, e é por isso que encontrar anticorpos é significativo, disseram os pesquisadores.
“Os anticorpos ingeridos através do leite materno podem fornecer um revestimento protetor na boca e no trato gastrointestinal dos bebês”, explicou Vivian Valcarce Luaces, que também fez parte do estudo.
Os pesquisadores mediram e testaram as células de defesa encontradas no plasma sanguíneo e no leite materno das mães logo após a vacinação e novamente durante seis meses.
A equipe descobriu que os anticorpos no plasma e no leite das pessoas imunizadas eram mais capazes de neutralizar o coronavírus, embora também tenham observado que os níveis de células de defesa diminuíram na marca de seis meses — algo que já era demonstrado em estudos sobre vacinas.
Ainda assim, o grupo de pesquisadores diz que mais análises são necessárias para responder se bebês têm menos chances de contrair covid, já que este último estudo incluiu 37 mães e 25 bebês, um número relativamente pequeno de participantes.
Mas, a boa notícia é que a pesquisa reafirma como a imunização contra o coronavírus durante a gravidez e a amamentação pode proteger os recém-nascidos, uma vez que crianças com menos de seis meses de idade não podem receber a vacina.
