Livro encadernado com pele humana é removido de biblioteca de Harvard
Cientistas sabiam desde 2014 que obra continha restos humanos e universidade diz que falhou em "padrões éticos" de cuidado
A Universidade de Harvard anunciou a remoção de uma encadernação de pele humana de um livro que estava em sua biblioteca, destacando a natureza ética problemática da origem e história subsequente do material.
A Universidade de Harvard anunciou na quinta-feira (27) que removeu uma encadernação de pele humana de um livro do século XIX mantido em sua biblioteca, destacando conflitos éticos sobre a origem do material.
O livro, "Des Destinées de l'Ame" (Destinos da Alma), fala sobre a alma e a vida após a morte, escrito pelo poeta francês Arsène Houssaye na metade dos anos 1880. Ele chegou em Harvard em 1934.
Em 2014, cientistas determinaram que o material da capa do livro era, de fato, pele humana. A universidade afirma agora que busca maneiras de assegurar que os restos humanos sejam tratados de forma respeitosa, restaurando a dignidade da mulher não identificada cuja pele foi utilizada.
O livro, ainda sem a pele, foi primeiramente doado a Ludovic Bouland, um doutor amigo Houssaye. Foi o médico quem encadernou a obra com a pele de uma paciente do sexo feminino não identificada, que havia falecido de causas supostamente naturais.
Dentro do livro, há uma nota de Bouland, enfatizando que nenhuma ornamentação foi estampada na capa para "preservar sua elegância", justificando que "um livro sobre a alma humana merecia ter uma cobertura humana".
A prática, conhecida como bibliopegia antropodérmica, tem sido documentada desde o século XVI.
Em sua declaração, Harvard reconheceu que seu manuseio do livro não atendeu aos "padrões éticos" de cuidado e que, ao divulgá-lo, ocasionalmente usou um tom "sensacionalista, mórbido e humorístico" que não era apropriado, comprometendo ainda mais a dignidade do ser humano cujos restos foram usados na sua encadernação.
A capa foi retirada do livro, que teve seu conteúdo digitalizado antes de ser removido do acervo da biblioteca da instituição. De acordo com a universidade, os restos humanos não ficarão disponíveis para pesquisadores.