Maioria acha redes sociais boas para a democracia; EUA são exceção
Somando as estatísticas de todos os países pesquisados, 57% da população acred que as redes favorecem a democracia
Em uma sociedade em que as pessoas estão cada vez mais no Facebook, Twitter, WhatsApp e outras plataformas, as redes sociais se tornaram um espaço de debate sobre questões políticas e sociais. Para muitos analistas, a ascensão dessas plataformas foi uma das maiores razões para a piora na saúde da democracia ao redor do mundo.
Porém, uma nova pesquisa do Pew Research Center feita com 19 países mostrou que os cidadãos veem as redes sociais como algo que causou impacto positivo na democracia, mas que gera efeitos tanto positivos quanto negativos na política.
Somando as estatísticas de todos os países pesquisados, 57% da população acredita que as redes favorecem a democracia; 35% dizem que elas são ruins para fins democráticos.
Mesmo em países em que a avaliação do impacto das redes sociais foi positiva, a maioria acredita que surgiram efeitos negativos, como a manipulação e a divisão nas sociedades. Nesse ponto, os números assustam: 84% das pessoas acreditam que o acesso à internet tornou a população mais fácil de manipular com informações falsas e boatos.
Cerca de 65% das pessoas também consideram que essa manipulação tornou as pessoas mais divididas politicamente. Mais de quatro em cada dez ouvidos acreditam que as pessoas ficaram menos civilizadas falando sobre política em razão das redes sociais.
O empoderamento pode ser o motivo que leva as pessoas a acreditarem nas plataformas. Em nove países, incluindo os EUA, sete em cada dez acreditam que o próprio sistema político não permite que pessoas como elas tenham influência política.
A maioria dos entrevistados também vê as redes sociais como uma ferramenta eficaz para alcançar objetivos políticos, como aumentar a conscientização pública; mudar a mente das pessoas sobre algumas questões; e fazer com que políticos eleitos prestem atenção a determinadas questões.
Para o público de alguns países, as redes servem como espaço para expressão política. É o caso da Coreia do Sul, onde cerca de metade dos usuários postam “às vezes” ou “frequentemente” sobre política ou questões sociais. Em outras nações, não é bem assim. Em 12 delas, quatro ou mais em cada dez pessoas dizem que nunca postam assuntos políticos ou sociais.
EUA veem mais efeitos negativos
Os Estados Unidos ficam fora da curva: somente 34% dos adultos do país consideram que as redes sociais têm sido positivas para a democracia, e 64% as consideram algo ruim nesse sentido.
Curiosamente, nos EUA republicanos e independentes que se inclinam para o Partido Republicano (74%) são muito mais propensos a ver os efeitos negativos das plataformas no sistema político do que democratas e inclinados a democratas (57%).
A maioria dos americanos também acha que o acesso à internet e às mídias sociais tornou as pessoas mais divididas em suas opiniões políticas (79%), contando o maior percentual de todos os países. E 69% dizem que as redes tornaram as pessoas menos civilizadas falando sobre esses temas.