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Marcas criticam Twitter por anúncios ao lado de contas de pornografia infantil

28 set 2022 - 13h47
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Alguns grandes anunciantes, incluindo Dyson, Mazda e a empresa de produtos químicos Ecolab, suspenderam suas campanhas de marketing ou removeram anúncios de partes do Twitter porque suas promoções estão aparecendo ao lado de tuítes solicitando pornografia infantil, disseram as empresas à Reuters.

Anúncios de pelo menos 30 marcas, desde Walt Disney, NBCUniversal e Coca-Cola a um hospital infantil, apareceram nas páginas de perfil de contas do Twitter que vendem links para material pornográfico, de acordo com uma análise da Reuters de contas identificadas em uma nova pesquisa sobre abuso sexual infantil online do grupo de segurança digital Ghost Data.

Alguns dos tuítes incluem palavras-chave relacionadas a "estupro" e "adolescentes" e apareceram ao lado de publicações promovidas de anunciantes corporativos, segundo a análise da Reuters. Em um exemplo, uma mensagem promovida para a marca de calçados e acessórios Cole Haan apareceu ao lado de um tuíte no qual um usuário disse que estava "negociando conteúdo adolescente/infantil".

"Estamos horrorizados", disse David Maddocks, presidente de marca da Cole Haan, à Reuters após ser notificado de que os anúncios da empresa apareceram ao lado desses conteúdos. "Ou o Twitter vai consertar isso, ou vamos consertar da maneira que pudermos, o que inclui não comprar anúncios no Twitter".

Em um comunicado, a porta-voz do Twitter, Celeste Carswell, disse que a empresa "tem tolerância zero com a exploração sexual infantil" e está investindo mais recursos dedicados à segurança digital, incluindo a contratação de mais funcionários para implementar soluções.

Ela acrescentou que a plataforma está trabalhando em estreita colaboração com seus clientes e parceiros de publicidade para investigar e tomar medidas para evitar que a situação aconteça novamente.

O Ghost Data identificou mais de 500 contas que compartilharam ou solicitaram abertamente material de abuso sexual infantil durante um período de 20 dias neste mês. O Twitter não conseguiu remover mais de 70% das contas durante o período do estudo, segundo o grupo, que compartilhou as descobertas exclusivamente com a Reuters. A Reuters não pôde confirmar de forma independente a precisão da descoberta do Ghost Data.

Depois que a Reuters compartilhou uma amostra de 20 contas com o Twitter, a empresa removeu cerca de 300 contas adicionais da rede, mas mais de 100 outras ainda permaneceram no site no dia seguinte, segundo o Ghost Data e uma análise da Reuters.

O Twitter suspendeu mais de 1 milhão de contas no ano passado por material de exploração infantil, de acordo com os relatórios de transparência da empresa.  

CÓDIGO DE PALAVRAS

A reação dos anunciantes representa um risco para os negócios do Twitter, que obtém mais de 90% de sua receita com a venda de publicidade digital para marcas que buscam comercializar produtos para os 237 milhões de usuários ativos diários do serviço.

"Relatórios recentes sobre o Twitter fornecem uma visão desatualizada e momentânea de apenas um aspecto de nosso trabalho neste espaço, e não é um reflexo preciso de onde estamos hoje", disse Carswell.

Os negociadores costumam usar palavras de código como "cp" para pornografia infantil e são "intencionalmente o mais vago possível", para evitar a detecção, de acordo com os documentos internos. Quanto mais o Twitter reprime certas palavras-chave, mais os usuários são estimulados a usar texto ofuscado, que "tende a ser mais difícil para o Twitter automatizar", disseram os documentos.

Andrea Stroppa, o fundador do Ghost Data, disse que esses truques dificultam os esforços para rastrear os materiais, mas observou que sua pequena equipe de cinco pesquisadores e sem acesso aos recursos internos do Twitter conseguiu encontrar centenas de contas em 20 dias.

O Twitter não respondeu a um pedido de mais comentários.

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