"Marcas de água" em Marte podem ter sido feitas por outro composto
Novo estudo indica que Marte pode ter tido períodos úmidos significativamente mais curtos, redefinindo teorias sobre água no planeta
A presença de água em Marte pode ter sido muito menos extensa no tempo do que teorias anteriores assumiam, segundo pesquisa conduzida por Pesquisadores da Universidade de Utrecht, na Holanda.
Utilizando dados do Mars Reconnaissance Orbiter, sonda da Nasa que explora o planeta desde 2006, a pesquisa focou no estudo das ravinas marcianas, estruturas geológicas parecidas com vãos que sugerem a ação de líquidos sobre o relevo.
O estudo foi publicado na revista Communications Earth & Environment na última quarta-feira (13).
Marte, conhecido por seu ambiente árido atual, carrega vestígios de um passado potencialmente úmido. Entretanto, a pesquisa recente propõe que tais ravinas, antes atribuídas à erosão pela água, podem ter sido formadas pela sublimação do gelo de dióxido de carbono (CO2) — processo pelo qual CO2 passa diretamente do estado sólido para o estado gasoso, sem passar pela fase líquida.
A nova hipótese desafia a noção predominante de longos períodos aquáticos na história marciana, sugerindo que a água líquida poderia não ter sido um elemento tão persistente assim na superfície do planeta quanto se acreditava.
A análise baseou-se em observações diretas e simulações laboratoriais que imitam as condições marcianas, permitindo aos cientistas estudar a transformação do gelo de dióxido de carbono em gás.
Essa transição ocorreria de forma natural durante as mudanças sazonais de Marte, segundo a pesquisa, e pode ter sido responsável por esculpir as paisagens do planeta de maneira semelhante aos efeitos erosivos da água na Terra.