Meta pode ser obrigada a vender WhatsApp e Instagram após julgamento que começa nesta segunda
Justiça americana acusa a empresa de Mark Zuckerberg de monopólio após a compra de duas das redes sociais mais populares do mundo
A Meta, dona do Instagram, Facebook e WhatsApp, começa a enfrentar nesta segunda-feira, 14, um julgamento que pode determinar o desmembramento da empresa em companhias menores, diante da acusação de monopólio feita pelo governo dos EUA. O processo deve durar cerca de dois meses até que a justiça americana tenha uma decisão sobre o caso.
De acordo com a Comissão Federal de Comércio (FTC, na sigla em inglês), a compra do Instagram e do WhatsApp configuraram em uma estratégia que eliminaria a concorrência de outras empresas em prol de um domínio da Meta (na época ainda chamada Facebook) no setor de redes sociais e aplicativos de mensagem.
Esse é o primeiro grande julgamento contra Big Techs do governo Trump, que mantiveram uma relação próxima com o atual presidente desde que foi eleito, em novembro do ano passado. O teste, principalmente para a FTC, deve ser um primeiro indício sobre a postura do governo em relação ao escrutínio dessas empresas em uma administração mais favorável às gigantes de tecnologia.
Ainda, segundo a FTC, a Meta manteve o monopólio ao seguir a estratégia do CEO Mark Zuckerberg, "expressa em 2008: 'É melhor comprar do que competir'. Fiel a essa máxima, o Facebook rastreou sistematicamente rivais em potencial e adquiriu empresas que considerava sérias ameaças à concorrência".
O Facebook também adotou políticas destinadas a dificultar a entrada de rivais menores no mercado e "neutralizar ameaças competitivas percebidas", afirma a FTC em sua denúncia, no momento em que o mundo passou a dar mais atenção aos dispositivos móveis do que aos computadores de mesa.
"Incapazes de manter seu monopólio por meio de uma concorrência justa, os executivos da empresa enfrentaram a ameaça existencial comprando novos inovadores que estavam tendo sucesso onde o Facebook falhou", diz a FTC.
Caso a justiça americana decida que a Meta agiu como um monopólio, a empresa terá que separar suas operações do Instagram e do WhatsApp, podendo ser obrigada a vender os apps.
Na tarde desta segunda, Zuckerberg foi a primeira testemunha convocada para prestar depoimento no processo. Em sua fala, o CEO da Meta afirmou que conversou sobre a compra da rede social com colegas por considerar que sua empresa poderia estar "atrasada" no desenvolvimento de um aplicativo semelhante. Devem ser chamadas tambémcomo testemunhas ao longo do julgamento Sheryl Sandberg, ex-COO do Facebook, e um dos criadores do Instagram, Kevin Systrom.
O Facebook comprou o Instagram em 2012 por US$ 1 bilhão em dinheiro e ações, e foi a primeira empresa que a companhia de Zuckerberg adquiriu e manteve em funcionamento como um aplicativo separado. Dois anos depois, o aplicativo de mensagens WhatsApp, que foi comprado por US$ 22 bilhões, também seguiu a mesma tendência de app próprio e se tornou um dos maiores mensageiros em utilização no mundo.
"As evidências no julgamento mostrarão o que todo jovem de 17 anos sabe: Instagram, Facebook e WhatsApp competem com o TikTok, de propriedade chinesa, YouTube, X, iMessage e muitos outros. Mais de 10 anos depois que a FTC analisou e liberou nossas aquisições, a ação da Comissão nesse caso envia a mensagem de que nenhum acordo é realmente definitivo. Os reguladores deveriam estar apoiando a inovação americana, em vez de tentar desmembrar uma grande empresa americana e favorecer ainda mais a China em questões críticas como a IA", disse a Meta em um comunicado.
O julgamento deve durar cerca de dois meses e uma decisão final sobre a acusação de monopólio deve ser divulgada apenas em junho ou julho deste ano. O destino da Meta será decidido pelo juiz distrital dos EUA James Boasberg, que no final do ano passado negou o pedido de julgamento sumário da Meta e determinou que o caso deveria ir a julgamento./COM AP
