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Metaverso: realidade virtual ou novo pesadelo de privacidade?

19 mai 2022 - 01h00
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Foto: Adobe Stock

No final de 2021, fomos surpreendidos por mais uma novidade: Mark Zuckerberg apresentou o Metaverso e produziu um vídeo explicando como será. Ele classificou o Metaverso como “uma internet em que você está na experiência, não apenas olhando para ela”.

O Facebook descreve o Metaverso como uma experiência imersiva de realidade virtual, em que teremos nossos avatares virtuais e poderemos nos comunicar uns com os outros em um grande cenário digital. Seus criadores alegam que será um mundo imersivo e interativo, onde você poderá jogar, interagir, fazer compras, assistir a filmes e muito mais. Ele irá emular nossas experiências físicas e sociais em um espaço puramente virtual. 

Na prática, parece um jogo avançado de Sims ou Second Life, ecoando as utopias da retrocomputação do início dos anos 2000.

Zuckerberg a chama de a próxima versão da internet, mas os pesquisadores já a chamam de um potencial pesadelo de privacidade. Eles podem estar certos, se o histórico de privacidade do Facebook for algo a se considerar.

O Metaverso fica em algum lugar entre as realidades virtual e aumentada, e isso criará uma realidade mista. Para colocar em prática, você terá que instalar sensores do Facebook em sua casa. Esses sistemas de realidade mista também costumam ter sistemas de rastreamento de olhos, rosto, corpo e mão. Em alguns casos, pode até rastrear ondas cerebrais. Portanto, para usar todos os recursos do Metaverso, você terá que passar por um nível sem precedentes de rastreamento e vigilância.

O Facebook não é conhecido por lidar com responsabilidade com os dados de seus usuários, portanto, há grande chance de que seus dados sejam envolvidos em outro vazamento ou violação. A plataforma virtual apresentará ainda mais maneiras de o Facebook coletar dados e ganhar ainda mais controle sobre nossas atividades ― e isso é particularmente exemplificado pelo conceito de colocar sensores nas casas das pessoas e rastreá-las. Com isso, golpistas podem interceptar o Metaverso, hackeando os avatares dos usuários ou criar cópias, permitindo a extração de dados confidenciais.

As manipulações algorítmicas e a segmentação de conteúdo do Facebook também podem atingir novos níveis na configuração do Metaverso. Ao analisar nossos movimentos corporais e nossas expressões faciais em realidade virtual, os algoritmos da rede social podem nos rastrear ainda mais de perto e manipular os dados.

A plataforma terá sua ramificação B2B chamada Horizon Workrooms, viabilizando reuniões de negócios de realidade virtual. Essa extensão para a área profissional provavelmente apresentará desafios adicionais aos funcionários que não desejam se inscrever nas atividades do Metaverso de suas empresas. O novo recurso virtual poderia criar oportunidades, como trabalho remoto mais eficiente e conexões mais próximas com familiares e amigos no exterior.

O Metaverso tem uma proposta positiva, mas não pode ser esquecida a questão da privacidade e segurança, com regulamentações relevantes e o tratamento responsável da privacidade do usuário.

(*) Daniel Markuson é especialista em cibersegurança privacidade digital da NordVPN, empresa especializada em soluções de privacidade, segurança e rede privada virtual.

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