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Micróbios de água doce roubam genes de bactérias para combater infecções

Estudo mostra que esse pequeníssimos animais usam genes "roubados" de bactérias para se proteger contra infecções

18 jul 2024 - 10h41
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Imagem de um bdeloídeo rotífero
Imagem de um bdeloídeo rotífero
Foto: C. G. Wilson/Divulgação

Uma nova pesquisa mostra que pequenos animais de água doce “roubam” receitas de antibióticos de bactérias para proteger-se de infecções

O estudo foi feito por uma equipe da Universidade de Oxford, da Universidade de Stirling e do Laboratório Biológico Marinho (MBL), e publicado nesta quinta-feira (18) na revista científica Nature.

Os rotíferos bdeloídeos são criaturas minúsculas, com cabeça, boca, intestino, músculo e nervos, mas são menores do que a largura de um fio de cabelo.

A pesquisa descobriu que quando os rotíferos sofrem infecções fúngicas, eles ativam uma série de genes que adquiriram de bactérias e outros micróbios. Ali, há genes que conseguem produzir uma defesa de resistência, como antibióticos e outros tipos de agentes antimicrobianos, nos rotíferos. 

“Quando traduzimos o código do DNA para ver o que os genes roubados estavam fazendo, tivemos uma surpresa”, disse o principal autor do estudo, Chris Wilson, da Universidade de Oxford, em comunicado. “Os principais genes eram instruções para produtos químicos que achávamos que os animais não poderiam produzir – pareciam receitas de antibióticos”.

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Em pesquisas feitas anteriormente, cientistas descobriram que os rotíferos têm a capacidade de captar DNA do seu entorno há milhões de anos.

Porém, o novo estudo é o primeiro a mostrar que eles evoluíram para usar esses genes capturados para se proteger de doenças. Nenhum outro animal é conhecido por “roubar” genes de micróbios em grande escala.

“Isso aumenta o potencial de que os rotíferos estejam produzindo novos antimicrobianos que podem ser menos tóxicos para os animais, incluindo os humanos, do que aqueles que desenvolvemos a partir de bactérias e fungos”, disse o coautor do estudo David Mark Welch, cientista sênior e diretor do Josephine Bay Paul Center no Laboratório de Biologia Marinha.

Segundo o estudo, os pequeníssimos animais copiaram o DNA que diz aos micróbios como produzir antibióticos.

“Nós os observamos usando um desses genes contra uma doença causada por um fungo, e os animais que sobreviveram à infecção estavam produzindo 10 vezes mais receita química do que os que morreram, indicando que isso ajuda a suprimir a doença”, explica Wilson. 

Os cientistas sugerem que entender esse comportamento dos rotíferos pode ajudar na pesquisa por medicamentos para tratar infecções humanas causadas por bactérias ou fungos, já que o desenvolvimento de novos medicamentos pode ser potencialmente problemático.

O estudo ressalta que muitos antibióticos químicos produzidos por bactérias e fungos são venenosos ou causam efeitos colaterais em animais, sendo assim, somente alguns deles conseguem ser transformados em tratamentos para humanos.

Porém, ao entender como os rotíferos produzem substâncias químicas similares nas suas próprias células, há oportunidade de abrir um caminho para novos medicamentos seguros para animais e pessoas.

Fonte: Redação Byte
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