Moeda digital do Facebook enfrenta pacote de desafios regulatórios, diz diretora do Fed
A diretora do Federal Reserve Lael Brainard afirmou nesta quarta-feira que o projeto de moeda digital do Facebook, chamado de Libra, enfrenta "um pacote de desafios regulatórios", incluindo esclarecimento sobre como será vinculada a uma cesta de ativos.
A libra é uma "stablecoin", uma moeda digital vinculada a dinheiro ou outro ativo para que evite volatilidades de criptomoedas puras como o bitcoin. Segundo Brainard, esta garantia de estabilidade ainda precisa ser provada.
"O que diferenciaria a libra do Facebook, se ela seguir adiante, é a combinação de uma rede de usuários ativos que representa mais de um terço da população global com a emissão de uma moeda digital privada e vinculada de maneira pouco clara a uma cesta de moedas soberanas", afirma Brainard em comentários preparados para uma conferência em Frankfurt. "Sem a cobrança de salvaguardas, as redes de stablecoins em escala global podem colocar os consumidores em risco."
Os comentários da diretora do Fed indicam que o projeto da libra ainda precisa ganhar apoio entre reguladores. Idealizada como um consórcio de companhias que apóia a moeda digital com ativos físicos, a libra tem sofrido deserções de importantes companhias de pagamentos como Paypal, Mastercard e Visa.
Reguladores de bancos centrais ao redor do mundo estão debatendo como administrar o avanço da tecnologia financeira, particularmente sistemas que são usados pelo bitcoin. Alguns analistas avaliam que é inevitável que os bancos centrais acabem emitindo suas próprias moedas digitais.
Com potencial para baixar custo e acelerar a velocidade de transferências de dinheiro, Brainard afirma que a tecnologia tem suas vantagens. Mas ela disse que há também "vantagens associadas com os arranjos atuais" baseados na emissão de dinheiro físico.
Criptomoedas, diz ela, ainda precisam superar obstáculos incluindo a possibilidade de fraude e uso para atividades como lavagem de dinheiro. Roubo e prejuízos com fraudes associados a criptomoedas mais que dobraram, para cerca de 4,4 bilhões de dólares, em 2019, afirma Brainard.
"Dados os riscos, qualquer rede de pagamento global precisa cumprir um alto padrão de condições de segurança e jurídicas antes de lançar operações", avaliou a diretora do Fed nos comentários para a conferência.