Morte de crianças yanomami mobiliza as redes

Durante o governo Bolsonaro, 570 crianças do território morreram por causas evitáveis, segundo o site Sumaúma. Imagens de indígenas desnutridos viralizaram, e o antecessor de Lula usou o Telegram para chamar o caso de "farsa da esquerda"

Por: Rafael Capanema |

23 jan 2023 - 08h43

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Na sexta-feira (20.jan), o site Sumaúma publicou uma reportagem revelando que, durante o governo Bolsonaro, 570 crianças com menos de cinco anos morreram no território yanomami por causas evitáveis — um aumento de 29% em relação aos quatro anos anteriores. Imagens de indígenas desnutridos viralizaram nas redes.

Como chamar o fato de 570 crianças Yanomami terem morrido nos últimos 4 anos por doenças que têm tratamento? Imagens de crianças em pele e osso, vistas em fotos feitas por indígenas e agentes de saúde mostram o preço do ajuste fiscal de Paulo Guedes https://t.co/gjOOWRTenl
— Carla Jimenez (@carlajimenez9) January 20, 2023

Em agosto de 2022, uma reportagem do Intercept Brasil havia revelado que o governo Bolsonaro ignorou 21 pedidos formais de ajuda aos yanomami.

Sobre a tragédia humanitária em Terra Yanomami, vale lembrar:https://t.co/EhVlB2bm7y
— Adriana Carranca (@AdrianaCarranca) January 21, 2023

O biólogo André Aroeira, especializado em meio ambiente, povos e comunidades tradicionais, lembrou ainda que Bruno Pereira, assassinado em 2022, atuava contra o garimpo em terras indígenas.

Vocês se lembram porque Bruno Pereira, assassinado no ano passado ao lado de Dom Phillips, foi exonerado de cargo de chefia da FUNAI logo em 2019, primeiro ano de Moro e Bolsonaro?

Foi por destruir garimpos na Terra Yanomami (e outras). pic.twitter.com/nz5HL9uYMm
— Aroeira 🌿 (@andrearoeirap) January 21, 2023

Ainda na sexta-feira, o Ministério da Saúde declarou emergência de saúde pública. No dia seguinte, Lula viajou a Roraima, onde descreveu a situação como "desumana".

Lula viaja a Roraima após decretar emergência por casos de desnutrição e malária na Terra Yanomami => https://t.co/6xI6rUB570 #g1 pic.twitter.com/DnxciS5cmc
— g1 (@g1) January 21, 2023

"É desumano o que eu vi aqui", diz @LulaOficial após checar situação do povo Yanomami em Roraima.

Em coletiva, petista criticou @jairbolsonaro. "Se ao invés de fazer tanta motociata, tivesse vergonha e viesse aqui uma vez, quem sabe esse povo não estivesse tão abandonado." pic.twitter.com/x8AZqz4pYt
— Metrópoles (@Metropoles) January 21, 2023

No Twitter, houve críticas a membros do governo Bolsonaro, principalmente à ex-ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves.

A Damares teve informações sobre dentes arrancados pra sexo oral, resorts de zoofilia, orgias nas federais, mas não ouviu nada sobre o genocídio yanomami.
— Antony Jojohn (@AntonyJojohn) January 22, 2023

damares inventava histórias grotescas sobre uma rede de pedofilia no pará pra se eleger enquanto as crianças yanomami adoeciam, definhavam e morriam sem nenhum socorro.

o que essa gente - ela, bolsonaro, mourão, pazuello, queiroga, torres, funai - fez tem nome e não tem perdão.
— aline (@tdbem) January 21, 2023

O ex-presidente chamou o caso de "farsa da esquerda" em seu canal no Telegram.

Bolso Fujão Prestes a Ser Preso continua nos EUA. De lá, disse q a condição dos Yanomami é uma "farsa da esquerda". Se ele tivesse sido reeleito, estaria no Guarujá nesse momento andando de jetski, enquanto crianças indígenas morrem https://t.co/YRoJlBHz6N
— Lola Aronovich (@lolaescreva) January 22, 2023

Neste sábado, a Força Aérea Brasileira transportou cestas básicas para a comunidade Kataroa.

Ontem (21/01), um H-60 Black Hawk da Força Aérea Brasileira transportou 1,3 toneladas de cestas básicas para a comunidade Kataroa (na Terra Indígena Yanomami), situada na região de Surucucu (noroeste de Roraima).#FAB #AsasQueProtegemOPaís pic.twitter.com/s5Djgavv79
— Força Aérea Brasileira 🇧🇷 (@fab_oficial) January 22, 2023

Decepcionados com as Forças Armadas por não terem consumado um golpe para evitar a posse de Lula, alguns apoiadores do ex-presidente criticaram e ironizaram a ação nas redes — em meios bolsonaristas, circulam teses como a de que os indígenas desnutridos seriam venezuelanos infiltrados pela esquerda.