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Mudança climática aumenta chance de proliferar vírus do Ártico

Pesquisa analisou semelhanças entre vírus e hospedeiro em lago canadense; diferenças genealógicas sugerem infecção por transbordamento

19 out 2022 - 12h27
(atualizado às 15h44)
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Pesquisadores examinaram paisagem ártica do Lago Hazen para analisar como derretimento do gelo pode afetar risco de espalhar vírus
Pesquisadores examinaram paisagem ártica do Lago Hazen para analisar como derretimento do gelo pode afetar risco de espalhar vírus
Foto: Daiwei Lu / Unsplash

Um novo estudo científico no Canadá investigou como as mudanças climáticas podem colocar um vírus do Ártico em contato com novos ambientes e hospedeiros, aumentando o risco de infecção por transbordamento à medida que o mundo fica mais quente. As descobertas foram publicadas nesta quarta-feira (19) na revista Proceedings of the Royal Society B: Biological Sciences.

A infecção por transbordamento é quando um reservatório natural com alta prevalência de um gente infeccioso entra em contato com uma nova população de seres hospedeiros.

Pesquisadores analisaram como o derretimento do gelo pode afetar o risco de espalhamento de vírus, examinando amostras da paisagem ártica do Lago Hazen. Este é o maior lago do mundo ao norte do Círculo Polar Ártico.

Para se replicar, os vírus precisam de hospedeiros como humanos, animais, plantas ou fungos e, eventualmente, podem pular para um novo que não possui imunidade — como foi o caso da pandemia da covid-19.

Efeito do transbordamento 

Para que fosse possível analisar os vírus, a equipe coletou amostras do solo que se torna um leito de rio para a água derretida da geleira no verão, bem como o próprio leito do lago – o que exigiu limpar a neve e perfurar uma camada de dois metros de gelo em maio, quando a pesquisa foi realizada.

Os pesquisadores usaram cordas e uma motoneve para levantar o sedimento do lago por quase 300 metros de água. Depois fizeram o sequenciamento de DNA e RNA das amostras. 

Para descobrir a probabilidade de infecção em hospedeiros, o time de pesquisa precisava examinar o árvore genealógica equivalente de cada vírus e a do hospedeiro. Na biologia, genealogias parecidas sugerem que um vírus evoluiu junto com seu hospedeiro, mas as diferenças sugerem transbordamento viral. E se um desses micróbios conseguiu infectar uma vez, é mais provável que o faça novamente.

As análises das amostras encontraram diferenças notórias entre vírus e possíveis hospedeiros no leito do lago — algo que está diretamente relacionado ao risco de infecção por transbordamento, segundo a equipe.

Mudanças climáticas podem impulsionar infecção viral

À medida que o aumento da água das geleiras derretidas deposita mais sedimentos, os vírus chegam ao lago, que passou por "mudanças dramáticas" nos últimos anos, diz o estudo. "Isso reunirá hospedeiros e vírus que normalmente não se encontrariam", alerta Lemieux.

Os pesquisadores afirmam, no entanto, que essa não é uma previsão de um transbordamento real nem uma pandemia. A probabilidade de eventos dramáticos permanece muito baixa, mas o aquecimento global pode aumentar os riscos de migração de hospedeiros para outras regiões, escreveram. 

Outras pesquisas avaliaram o efeito do derretimento das geleiras nos ecossistemas e mostraram que há a possibilidade de espalhamento de gases a vírus, à medida que o planeta aquece. 

Ainda assim, apontam que é necessário um estudo maior para esclarecer quão grande deve ser a diferença entre vírus e hospedeiros para criar sérios riscos de infecção por transbordamento. 

Fonte: Redação Byte
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