Script = https://s1.trrsf.com/update-1727287672/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

Mundo chegou aos 8 bilhões de pessoas; o que será dos recursos minerais?

À medida que a população aumenta, cresce também o consumo de recursos que não se recompõem na natureza: qual a saída?

18 nov 2022 - 05h00
Compartilhar
Exibir comentários
8 bilhões de pessoas: tecnologia pode nos ajudar a fechar a conta
8 bilhões de pessoas: tecnologia pode nos ajudar a fechar a conta
Foto: John Cameron / Unsplash

O mundo chegou à marca de 8 bilhões de habitantes na última terça-feira (15), 12 anos após o seu sétimo bilhão, em 2010. Com uma população cada vez maior habitando um planeta com matéria prima escassa, são muitas as dúvidas de até quando manteremos nosso consumo de recursos minerais — alguns dos quais já têm até data para acabar.

O ouro, componente essencial de muitas peças de eletrônicos, é um dos que têm seus dias contados. Apesar de estimativas variarem, sabe-se que já mineramos aproximadamente 200 mil toneladas do metal em toda a história humana, e que as reservas do mesmo recurso na natureza rondam as 60 mil toneladas.

A British Petroleum, por sua vez, não dá mais do que 50 anos até que as reservas de petróleo no mundo se esgotem – a boa notícia, ao menos, é que especialistas projetam o fim do uso extensivo da commodity antes disso, graças ao recente fortalecimento de soluções renováveis.

O que são recursos minerais, afinal?

Recursos minerais são substâncias inorgânicas, encontradas na crosta terrestre, que têm utilidade como matéria prima.

São divididos entre os metálicos, como ferro, alumínio, manganês, magnésio, cobre, mercúrio, chumbo, estanho, ouro, prata e urânio; e os não metálicos, como cloreto de sódio, enxofre, fosfatos, nitratos, areia, argila, cascalho, amianto, água, petróleo e carvão mineral.

Este tipo de recurso é classificado como não renovável pois leva milhares de anos para que a sua formação ocorra na natureza. Assim, tendo como base o ritmo humano de vida, eles não se recompõem uma vez que são extraídos e utilizados.

Reutilização de materiais pode ajudar a aliviar peso da extração
Reutilização de materiais pode ajudar a aliviar peso da extração
Foto: Unsplash / Pavel Neznanov

Substituir combustíveis fósseis ainda é desafio 

O marco populacional, segundo António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, é mais um dos lembretes dados à humanidade de que devemos o quanto antes superar nossos desafios globais como a crise climática, energética e de alimentos. 

Guterres citou inclusive a COP27, conferência do clima da ONU que ocorre durante esta semana, para dizer que países mais ricos devem dar apoio financeiro e técnico às principais economias emergentes para a transição dos combustíveis fósseis, como o petróleo e o carvão mineral.

“Espero que a COP27 resulte em um Pacto de Solidariedade Climática histórico sob o qual as economias desenvolvidas e emergentes se unam em torno de uma estratégia comum e combinem as suas capacidades e recursos para o benefício da humanidade."

“Esta é a nossa única esperança para cumprir as nossas metas climáticas”, diz Guterres.

Luiz Paulo Bresciani, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e doutor em política científica e tecnológica, acredita que não existe solução fácil para a escassez de recursos minerais. Ele cita o exemplo da eletromobilidade, que em tese é uma tecnologia de transporte mais sustentável em relação aos motores à combustão, mas que, em contrapartida, utiliza lítio em suas baterias.

“A desativação de minas de carvão, para usar um exemplo mais extremo, também significa o fechamento de postos de trabalho e desemprego em regiões carboníferas”, pontua.

Tecnologia pode ajudar a conta a fechar?

O progresso tecnológico pode ter um “papel duplo” na resolução de problemas nesse sentido, trazendo processos extrativistas mais sustentáveis e adequando padrões de consumo de modo a aliviar a pressão por minerais mais escassos ou danosos ao planeta em sua exploração e uso.

Uma dessas adequações pode ser o desenvolvimento de produtos que podem ter seus diferentes tipos de materiais separados de uma forma mais fácil na hora de seu descarte, o que facilita processos de reciclagem e reutilização.

Um exemplo são as lâminas de barbear: compostas por plástico e alumínio, não são recicladas com muita facilidade devido à dificuldade de separar os dois materiais. Assim, um alumínio que poderia ser reutilizado acaba sendo desperdiçado.

“É necessário a criação de políticas públicas que façam com que a reciclagem acabe compensando mais do que a extração de recursos naturais”, diz Pedro Côrtes, professor no Instituto de Energia e Ambiente da USP.

“Ciência, tecnologia e inovação podem nos ajudar a descobrir materiais alternativos e substitutos para finalidades específicas nas cadeias produtivas, o que pode auxiliar a contornar eventuais situações de escassez”, pontua Victor Gaspar Filho, pesquisador de geopolítica dos recursos naturais.

Mas não há como, através do desenvolvimento tecnológico, contornar o caráter finito dos recursos naturais. 

“Enquanto discute-se buscar novas fontes de minerais, como o leito oceânico e o Ártico, as nossas economias permanecem baseadas em preceitos que foram concebidos há muitas décadas, quando a demanda por recursos e por energia era muito inferior à atual. Não podemos ter, com 8 bilhões de pessoas, as mesmas prioridades que tínhamos com 2,5 bilhões, ao final da Segunda Guerra”, diz Gaspar Filho.

Petróleo não deve ser mais utilizado em larga escala no próximo século
Petróleo não deve ser mais utilizado em larga escala no próximo século
Foto: Zbynek Burival / Unsplash

Empresas e governo devem colaborar

Embora empresas tenham se aproximado da temática ambiental nos últimos anos, as medidas muitas vezes acabam tendo escopo limitado por mirarem em práticas internas da companhia, e não nas consequências de sua produção, como o impacto causado no uso e descarte dos produtos vendidos.

“Embora as empresas estejam se envolvendo com políticas socioambientais, isso tem sido aplicado às empresas, mas não ao produto. Às vezes, você tem um produto que tem redução de consumo de energia, mas não tem facilidade de descarte, por exemplo”, diz Côrtez.

Gaspar Filho acredita que, apesar de iniciativas tomadas por empresas, como a própria adoção de práticas ESG (do inglês ambiental, social e governança) sejam importantes, o objetivo final das companhias sempre será o lucro. Isso traz, novamente, a necessidade de políticas públicas para o centro da discussão.

O pesquisador exemplifica com a pandemia de covid e o conflito atual na Ucrânia, que impuseram entraves à produção em diferentes setores. Para ele, a lição a ser tirada disso é que a melhor forma de se antecipar à escassez é produzindo e consumindo menos, para depender de menos insumos.

"Porém, as empresas e os Estados adotaram uma postura que prioriza a busca por alternativas para garantir as mesmas taxas de crescimento anteriores às crises mencionadas”, argumento.

Fonte: Redação Byte
Compartilhar
TAGS
Publicidade
Seu Terra












Publicidade