Naegleria fowleri | Ameba comedora de cérebros já fez vítimas no Brasil?
Brasil nunca registrou casos oficiais da ameba comedora de cérebro em humanos, mas a Naegleria fowleri já foi responsável pela morte de bovinos no país
Conhecida popularmente como "comedora de cérebros", a ameba Naegleria fowleri já provocou mais de 150 mortes nos Estados Unidos, com uma letalidade estimada em 97%. Esta mortal ameba de vida livre já foi identificada no Brasil, mas nunca infectou oficialmente um ser humano. Os únicos registros de óbitos foram confirmados em bovinos.
- Homem morre após contrair ameba "comedora de cérebros" enquanto nadava
- Encontrado remédio contra "ameba comedora de cérebros"
Independente do país, a ameba Naegleria fowleri está associada com a água doce contaminada — normalmente, a temperatura é morna ou quente. A infecção ocorre quando o indivíduo "respira" água pelo nariz, contendo este organismo unicelular. Passados, em média, 5 dias da exposição, a pessoa começa a apresentar os primeiros sinais da meningoencefalite amebiana primária.
Entre os primeiros sintomas, estão dores de cabeça, vômitos, rigidez no pescoço e confusão mental. Enquanto isso, a ameba está literalmente "comendo" o tecido cerebral do indivíduo, algo irreversível na maioria das vezes.
Caso da ameba "comedora de cérebros" no Brasil
Como já adiantamentos, a ameba comedora de cérebros foi responsável pela morte de alguns bovinos no Brasil. O relato mais antigo é da Paraíba, onde o protozoário infectou um bezerro de um ano, que passou a apresentar distúrbios neurológicos. O caso foi descrito na revista científica Research in Veterinary Science, em 2012.
Mais recentemente, outro relato de caso sobre a Naegleria fowleri foi publicado na Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, em 2019, envolvendo pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Dessa vez, a ameba foi responsável pela morte de uma vaca com 4 anos na cidade de Glorinha, no Rio Grande do Sul.
Ao examinarem o cérebro do animal durante a necropsia, os autores observaram diferentes pontos de necrose, espalhados tanto pela massa branca quanto pela cinzenta. Entre as áreas afetadas, estavam: córtex cerebral frontal, tálamo, mesencéfalo e hipocampo. A seguir, veja o cérebro do bovino:
Possível caso da ameba em adolescente de SP
Na literatura médica brasileira, há um relato de caso de 1975, feito por cientistas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e publicado na revista Arquivos de Neuro-Psiquiatria. Na ocasião, os médicos teriam diagnosticado um adolescente de 14 anos, com uma ameba do gênero Naegleria.
Morador da cidade de Aparecida do Norte, em São Paulo, o paciente infectado sobreviveu, mas teve sequelas permanentes por causa das lesões do sistema nervoso. A principal hipótese, na época, é de que teria contraído a infecção em uma lagoa de água doce que costumava nadar.
Embora o caso tenha muitas semelhanças com as manifestações da infecção pela ameba Naegleria fowleri, os cientistas não chegaram a fechar o diagnóstico associando o quadro a essa exata espécie. Outras amebas de vida livre poderiam ter provocado as complicações. Inclusive, no artigo, os autores apenas confirmaram ser um protozoário deste mesmo gênero, descrevendo-o como Naegleria sp (terminologia taxonômica usada para quando não é identificada a espécie).
Com as limitações desse relato de caso e sem outros estudos apontando para os casos da ameba comedora de cérebros no Brasil, é possível afirmar que o país nunca teve um registro oficial em humanos desta espécie de protozoário.
Fonte: Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, Research in Veterinary Science, Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária e Arquivos de Neuro-Psiquiatria
Trending no Canaltech:
- Quais celulares Samsung Galaxy vão atualizar para a One UI 6 com Android 14?
- Menus do WhatsApp ganham novo visual no iPhone
- Aplicativo do Microsoft Loop agora tem versão para Windows
- Guardiões da Galáxia 3 chega ao streaming
- Redmi 12 5G estreia com novo chip Snapdragon e grande bateria
- Vacina contra Alzheimer é eficaz em testes com animais