Não são só idosos; veja outros grupos mais sensíveis a morrer de covid
Dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA mostram que idade, fatores sociais e vacinas ditam ritmo de mortes
Mais de dois anos e meio após o início da pandemia, o mundo ainda perde uma média de 1.400 pessoas diariamente para a covid. Com o desenvolvimento de vacinas, tratamentos e precauções cada vez mais eficazes, quais os grupos que ainda são os mais afetados?
Uma análise com dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC) publicada na revista Scientific American, nos ajuda a responder a esta pergunta.
Os mais velhos, que sempre foram especialmente vulneráveis, agora representam uma proporção maior do que nunca de mortes por covid. Embora o número total de vítimas tenha caído, a frequência da mortalidade está mudando ainda mais para pessoas com mais de 64 anos. Neste grupo, os óbitos aumentaram 125% entre abril e julho deste ano, segundo a Kaiser Family Foundation.
Com o aumento da idade, a tendência continua: mais de um quarto de todas as mortes por covid nos EUA ocorreram entre pessoas com 85 anos ou mais durante a pandemia. Mas essa parcela aumentou para pelo menos 38% desde o mês de maio.
No auge do pico mais recente de mortes no país, em agosto, 91,9% em todos os EUA ocorreram entre pessoas com 65 anos ou mais – foi a maior porcentagem de vítimas durante a pandemia.
Fatores sociais não ficam de fora
O racismo e a discriminação também desempenham um papel importante na distribuição de mortes pela covid.
Em períodos de mortalidade baixa, as taxas entre os americanos brancos ficaram mais próximas ou mais altas do que entre os negros. Mas as mortes de pessoas racialmente minoritárias aumentam durante os surtos, quando a taxa total aumenta.
O local onde as pessoas vivem também dita o risco. Apesar da pandemia ter atingido primeiramente áreas urbanas com mais força, o padrão que se manteve desde os primeiros meses da crise de saúde global é o de taxas de mortalidade mais altas em áreas rurais. No final de outubro, elas ainda eram cerca de 38% mais altas.
Vacinação e tratamentos
Em agosto deste ano, pessoas não vacinadas morreram seis vezes mais do que aquelas que receberam pelo menos a primeira dose da vacina, de acordo com o CDC. Para os que têm 50 anos ou mais, são até 12 vezes mais chances de morrer do que os vacinados.
A distribuição desigual de medicamentos para o tratamento da covid também faz diferença na hora de prevenir mortes. Segundo o CDC, lugares com o maior número de pessoas vulneráveis à doença recebem menos medicamentos eficazes apesar de contarem com mais locais de distribuição. Além disso, pessoas negras têm menos acesso a tratamentos eficazes na prevenção de hospitalizações e mortes, como o uso de anticorpos monoclonais.
Indivíduos de alta renda também tiveram acesso duas vezes maior ao eficaz antiviral Paxlovid do que aqueles com renda mais baixa, de acordo com um estudo do Covid States Project.