Nasa compartilha som de buraco negro; ouça
Se você sempre achou que o som de um buraco negro seria coisa de ficção científica… Bem, você estava certo
Provavelmente, se você começar a gritar no espaço, não será possível ouvir porque o som não se propaga no vácuo. Mas quando se trata de um buraco negro supermassivo, formado no centro de um aglomerado de galáxias, ouvi-lo se torna uma possibilidade com as ferramentas certas. Foi assim que a Nasa conseguiu captar e compartilhar o que seria o som de um buraco negro neste domingo (21).
A agência espacial dos EUA explicou em seu Twitter que, ainda que o espaço seja majoritariamente feito de vácuo, um buraco negro é feito de tanto gás que é possível captar o som real dele.
O aglomerado de galáxias em questão é o de Perseu, que fica a 200 milhões de anos-luz de distância da Terra. Os dados coletados vêm do Observatório de Raios-X Chandra da Nasa. Você pode ouvir no tuite abaixo:
The misconception that there is no sound in space originates because most space is a ~vacuum, providing no way for sound waves to travel. A galaxy cluster has so much gas that we've picked up actual sound. Here it's amplified, and mixed with other data, to hear a black hole! pic.twitter.com/RobcZs7F9e
— NASA Exoplanets (@NASAExoplanets) August 21, 2022
Não é o primeiro buraco negro já ouvido
Ainda que ele pareça bem sinistro, como uma trilha de filme de terror, outros buracos negros já emitiram sons mais suaves. Houve por exemplo o que fica cerca de 54 milhões de anos-luz de distância, no centro da Galáxia Messier 87, ou M87. Ouça:
Para chegar nessa faixa de áudio, foram usados dados de vários telescópios: o Observatório de Raios-X Chandra, o Telescópio Espacial Hubble e o Atacama Large Millimeter Array (ALMA) no Chile. Com eles, a Nasa mapeu os comprimentos de onda para uma série de tons audíveis e chegou ao resultado acima.
Mesmo antes disso, outros sons também já haviam sido demonstrados pela agência, de galáxias distantes e até mesmo de Marte. O primeiro deles foi capturado em 2003, também em Perseu. Na época, porém, foi informado que o ruído estava em uma frequência abaixo da captada pela audição humana.
Em maio deste ano, o som de 2003 foi tornado audível pela primeira vez no Observatório Chandra, como parte do programa Universo de Aprendizagem da Nasa. Na ocasião, a agência explicou: "Os astrônomos descobriram que as ondas de pressão enviadas pelo buraco negro causavam ondulações no gás quente dele, podendo ser traduzidas em uma nota que os humanos não podem ouvir, a cerca de 57 oitavas abaixo do meio Dó” (ou seja, abaixo da quarta tecla “Dó” da esquerda para a direita, em um piano de 88 teclas).
A Nasa reescalou os dados de som em 57 e 58 oitavas acima de seu verdadeiro tom para se tornar audível para nós. Outra maneira de dizer isso é que eles estão sendo ouvidos em uma frequência 144 quatrilhões e 288 quatrilhões vezes mais alto do que a original. Agora, além de podermos ver buracos negros, também conseguimos ouvi-los.