Nasa diz que "capital mundial dos raios" fica na Venezuela; entenda
Local registra relâmpagos entre 18 e 60 vezes por minuto e até 3.600 por hora
Há quem tenha medo, mas muitas pessoas amam observar as luzes de um relâmpago refletindo na água. Se você for um dos apreciadores, precisa descobrir um lugar que foi nomeado pela Nasa como a "capital mundial dos raios".
O Lago de Maracaibo, na Venezuela, é o lugar com o maior número de relâmpagos no mundo. No ponto onde o rio Catatumbo deságua no lago, relampeja entre 18 e 60 vezes por minuto e até 3.600 por hora.
O mais curioso? Isso acontece de 140 a 160 noites por ano, ou seja, poucas noites são escuras neste lugar.
A predominância dos raios ocorre entre abril e novembro, quando eles aparecem e desaparecem de forma constante no céu. O fenômeno é visto como "milagre" por visitantes.
Segundo a Nasa, ocorrem em média 297 tempestades elétricas por ano no Lago de Maracaibo. O estudo da agência espacial norte-americana foi realizado em parceira com a USP e as universidades de Maryland e Alabama (nos EUA), em 2016.
Por que levamos choque ao tocar em algumas coisas?
"Até a investigação, acreditávamos que nenhuma zona tiraria o trono da África Central como a número 1 em ocorrência de relâmpagos. Foi possível determinar que o campeão era o lago de Maracaibo devido à minuciosa análise realizada", disse à BBC Mundo, Richard Blakeslee, cientistas da Nasa responsável pelo estudo, publicado no boletim da Associação Americana de Meteorologia (AMS).
Segundo o cientista, foi preciso analisar 16 anos de dados para chegar a estas conclusões.
Características
O lago tem 13 mil quilômetros quadrados e fica no noroeste da Venezuela. O recebimento intenso de relâmpagos na região já é um evento conhecido como "relâmpago do Catatumbo" porque ocorre no encontro da foz do rio com o lago.
Ele ocorre sobre o pântano formado no local onde o rio Catatumbo deságua, durante 10 horas por dia, a uma frequência de 280 raios por hora.
Segundo especialistas, o fenômeno pode acontecer devido à própria topografia do lago, já que a região é cercada de montanhas, exceto ao norte.
Esse "funil" natural canaliza os ventos úmidos e quentes do mar do Caribe que, ao entrar em contato com o ar frio que desce das montanhas, formam as perigosas nuvens cumulonimbus.
Além disso, a quantidade de raios pode ser explicada pelas mudanças climáticas no planeta.
"Foi cogitada a hipótese de que relâmpagos e tempestades elétricas podem ser um indicador sensível da mudança de temperatura", disse Blakeslee.
É por isso, acrescenta, que compreender a relação dos raios e relâmpagos com o clima severo e a química atmosférica é chave na criação de políticas públicas para o meio ambiente.
