Navio antigo, estátua e pegada de dinossauro: o que trouxe seca nos EUA e Europa

Os EUA e a Europa estão vivendo semanas de seca históricas, que têm contribuído para a queda do nível da água de rios e lagos em diversos países, com ondas de calor altíssimas. O movimento fez com que uma série de tesouros e artefatos históricos emergissem da superfície: pegadas de dinossauros, navios da Segunda Guerra Mundial, o denominado "Stonehenge espanhol” e até estátua budista.

A situação também alerta para a emergência climática, segundo cientistas. Neste verão, mais de 60% da região do Texas estava passando por secas, em duas das categorias mais intensas, segundo o US Drought Monitor. Esse contexto foi crucial para fazer com que um rio, no parque Dinosaur Valley State Park, no Texas, secasse completamente, revelando as pegadas de dinossauros.

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De acordo com a porta-voz do parque, Stephanie Salinas Garcia, já foram identificadas as espécies de dinossauros nos rastros: “A maioria das pegadas que foram recentemente descobertas e em diferentes partes do rio no parque pertencem ao Acrocanthosaurus. Este era um dinossauro que teria, quando adulto, cerca de 4,5 metros de altura e pesar perto de sete toneladas”, disse à CNN.

Mas essa não foi a única espécie encontrada. Havia rastros do chamado Sauroposeidon, com 18 metros de altura e 44 toneladas em sua fase adulta, segundo Garcia. Em condições normais, as pegadas desses animais ficam repletas de sedimentos e água por cima, o que os torna menos visíveis, de acordo com a porta-voz.

A trilha feita pelos dinossauros no local tem pelo menos 113 milhões de anos, e o Dinosaur Valley State Park espera que as chuvas enterrem as pegadas novamente, até para protegê-las da ação do intemperismo e da erosão. 

Navios da Segunda Guerra 

Ainda como resultado da seca, o rio Danúbio, perto da cidade de Prahovo, na Sérvia, baixou para um de seus níveis mais baixos em um século. Isso deu margem para a exposição do resto de mais de 20 navios de guerra alemães que tinham afundado na Segunda Guerra.

Alguns dos navios ainda continham bombas e explosivos, datados da década de 1940. O naufrágio desses navios ocorreu durante a Frota do Mar Negro da Alemanha, quando acontecia o recuo dos nazistas em vista do avanço das forças soviéticas. 

Na Itália, que declarou estado de emergência por conta das secas, próximo ao Rio Pó, foi descoberta uma bomba de 450 quilos, também da Segunda Guerra. 

"Pedras da fome"

A grave seca expôs na Alemanha as chamadas Hungersteine (pedras da fome), que contêm avisos que remontam a séculos atrás sobre o risco de fome que costumava acompanhar o baixo nível dos rios. As informações são da Deutsche Welle.

Antigamente, os viajantes e moradores dessas regiões tinham menos recursos para enfrentar secas prolongadas, que resultavam em perda de safras e interrupção do transporte fluvial. "Se me vir, chore", diz a inscrição em algumas das pedras que agora podem ser vistas novamente e fazem parte de uma tradição iniciada no século 15.

“Stonehenge espanhol”

A Espanha também é um dos países que está sofrendo a pior seca em décadas. Lá, arqueólogos descobriram um círculo de pedras pré-históricas denominado "Stonehenge espanhol", ou, oficialmente, “Dólmen de Guadalperal”, normalmente coberto pela água da represa.

Esse círculo de pedras atualmente está visível por conta da perda de 28% do nível da água do reservatório de Valdecanas, na província de Cáceres. Ele já havia sido descoberto pelo arqueólogo alemão Hugo Obermaier, em 1926, mas a região sofreu uma inundação em 1963, por conta de um projeto rural da ditadura de Francisco Franco. A partir dali, o círculo só foi visto quatro vezes. 

Estátua budista

Na China, a seca de um rio fez emergir uma ilha submersa e três estátuas budistas, sobre as quais a estimativa é que tenham sido construídas há 600 anos. 

O Rio Yangtze, o mais longo da Ásia, está tendo seu nível em queda por conta da seca e das ondas de calor, e acompanham esse movimento mais 66 rios em 34 condados próximos à cidade chinesa de Chongqing.